Dinheiro que Estado gasta no Novo Banco resolvia metade dos problemas sociais, diz Jerónimo

Secretário-geral do PCP sublinhou que a resolução dos problemas sociais não é concretizada porque “a preferência foi injectar mais 850 milhões de euros na banca”.

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Jerónimo de Sousa discursou no largo do cemitério de Baleizão LUSA/NUNO VEIGA
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Líder do PCP homenageou Catarina Eufémia LUSA/NUNO VEIGA
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Comunistas insurgem-se contra 850 milhões injectados no Novo Banco LUSA/NUNO VEIGA

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP) disse neste domingo que os 850 milhões de euros transferidos recentemente para o Novo Banco davam para “resolver metade dos problemas sociais que neste momento existem”.

“Tantas vezes nos dizem que não há dinheiro para acudir aos problemas dos trabalhadores e do nosso povo, mas a verdade é que nunca falta para acudir à banca, como aconteceu há dias, com a transferência para o Novo Banco de mais de 850 milhões de euros”, apontou Jerónimo de Sousa num discurso no largo do cemitério de Baleizão, concelho de Beja, após uma homenagem a Catarina Eufémia, assassinada há 66 anos pelas forças do regime fascista.

O líder comunista apelidou a situação de “inaceitável” e sublinhou que a resolução dos problemas sociais não é concretizada porque “a preferência foi injectar mais 850 milhões de euros na banca”, aproveitando para voltar a apelar para que se “inicie de imediato a integração do banco na esfera pública”, conforme proposto num projecto de lei apresentado pelo PCP, na Assembleia da República, na sexta-feira.

Perante cerca de meia centena de militantes, estrategicamente colocados à distância recomendada pelas normas da Direcção-Geral da Saúde para o combate à pandemia de covid-19, Jerónimo de Sousa aproveitou, também, para criticar “os grandes interesses do capitalismo reinante” que acusou de desencadear a “acção terrorista contra as iniciativas da CGTP e do 1.º de Maio”.

“Não foi inocente, nem a sua preocupação era ou é a saúde dos trabalhadores. Se tivessem nas suas empresas, onde se nota as consequências do surto epidémico, cumpram as normas de segurança e higiene, as condições sanitárias lá nas empresas, nos locais de trabalho, e teriam fortes razões para se preocupar tendo em conta a situação”, atirou o líder do PCP, em alusão ao surto de covid-19 no que, segundo o balanço deste domingo, afectava já 109 trabalhadores de três empresas do pólo industrial da Azambuja.

Jerónimo de Sousa insistiu que “não é por razões sanitárias” que não queriam “que se comemorasse o 25 de Abril, que Maio fosse uma jornada de luta ou que se realizasse a festa do Avante!”, em Setembro.

“É porque à sombra do vírus, que mata e preocupa tantos portugueses legitimamente, querem que, em silêncio, se liquidem centenas de milhares de postos de trabalho, que se desregulamente os direitos dos trabalhadores e o direito a ter direitos, que ameaça hoje tantos e tantos”, referiu.

A finalizar, Jerónimo de Sousa voltou a apontar a “mira” às “empresas com lucros milionários” para as quais se transferem “milhares de euros públicos” e tocam “insistentemente o riscado disco das necessidades e dos sacrifícios”.

“Muitas delas são grandes empresas multinacionais. São as grandes empresas que beneficiaram de mais de 50% do expediente de layoff. É para fazer frente a esta situação que o PCP, entendendo o sentimento, necessidade e aspirações dos trabalhadores e do povo, procurou por todos os meios reclamar a resolução dos seus problemas, assumindo uma atitude proposta no quadro da Assembleia da República com esse objectivo”, concluiu Jerónimo de Sousa.

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