Casos de covid-19 por 10 mil habitantes aumentaram menos em Maio

Entre 6 de Maio e 20 de Maio, houve mais 12% de pessoas infectadas, quando, entre 7 de Abril e 22 de Abril, o aumento foi de 70%. São dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística. Densidade populacional foi factor de risco para 36 municípios.

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Adriano Miranda

O número de pessoas infectadas por 10 mil habitantes continua a aumentar. Porém esse aumento faz-se em cada vez menor escala quando comparados os dados entre 7 de Abril e 20 de Maio, como mostra o novo balanço do impacto da covid-19 na população em Portugal publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta sexta-feira.

Este estudo traça o retrato até 18 de Maio; o anterior, divulgado a 8 de Maio, era referente a dados recolhidos até 6 de Maio. Uma comparação entre períodos de duas semanas cada permitem constatar, por um lado, que houve um aumento de 12% neste universo de pessoas infectadas por 10 mil habitantes entre 6 de Maio e 20 de Maio e, por outro, que esse aumento tem vindo a reduzir-se.

Entre 22 de Abril e 6 de Maio, o número de casos confirmados por 10 mil habitantes tinha aumentado em 20%; ou seja, muito menos do que nas duas semanas anteriores quando o aumento tinha sido em 70% (entre 7 de Abril e 22 de Abril).

Num período de análise mais alargado, entre 26 de Abril em 20 de Maio, o aumento também foi em cerca de 12% – de 26 pessoas infectadas por 10 mil habitantes, Portugal passou a 29,1. Em 53 dos 308 municípios do país, esse valor está acima dos 29,1 que representa a média nacional. E desses, 36 pertencem à região Norte

O único município com mais de 100 casos por 10 mil habitantes foi Ovar (com 120), na região de Aveiro.

Além de Ovar, acima das 50 pessoas infectadas nesse universo de 10 mil, e por ordem decrescente estão Condeixa-a-Nova (com 87) na região de Coimbra, Valongo (com 77,4), Vale de Cambra (com 72), Matosinhos (71,4), Maia (66,9), Gondomar (64,1), Porto (62,6), Santo Tirso (56,9) e Vila Nova de Gaia (com 50,8).

Uma leitura das estatísticas do INE que relacione os casos confirmados por 10 mil habitantes e a densidade populacional permite concluir que 36 municípios têm valores acima da média nacional tanto num indicador como noutro. Em síntese: a densidade populacional foi factor de risco para estes 36 municípios.

Também municípios das regiões Centro (12), da Área Metropolitana de Lisboa (Lisboa, Loures e Amadora), Alentejo (Moura) e Região Autónoma dos Açores (o município de Nordeste) apresentam valores acima do valor nacional. 

Mais mortes este ano

Por outro lado, a análise do INE permite novamente concluir que mais pessoas morreram nos dois últimos meses e meio do que em igual período de 2019 e de 2018. Entre 1 de Março e 10 de Maio de 2020 morreram mais 1964 pessoas do que nesses dois meses e meio em 2019. Esse número foi superior em 878 no mesmo período de 2018. Os primeiros casos diagnosticados com a doença em Portugal foram reportados em 2 de Março de 2020 e o primeiro óbito foi registado duas semanas depois, no dia 16.

Do acréscimo de mais 1964 mortes comparativamente ao ano passado, 1893 foram pessoas com 75 anos ou mais. Conclusão semelhante tinha sido retirada dos dados anteriores.

Em menos de dois meses, entre 1 de Março e 26 de Abril deste ano, tinham morrido mais 1667 pessoas em Portugal do que no mesmo período do ano passado e mais 580 face a 2018, também segundo o INE. A informação publicada assenta dados preliminares que serão actualizados, ressalva o INE.

Não é possível concluir que esse aumento se deve apenas à covid-19. De acordo com um estudo recente da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) com base nos registos de mortalidade diária dos últimos 10 anos, houve mais 1255 óbitos do que o previsto no período em análise: entre 16 de Março e 14 de Abril.

Porém, os investigadores concluem que mesmo subtraindo o número de mortes causadas pela covid-19 aos números totais da mortalidade, continua a observar-se um “excesso de mortalidade” acima da média dos seis últimos anos.

Perante este resultado, não excluem a hipótese de algumas destas pessoas terem morrido por covid-19 fora do ambiente hospitalar e sem acesso a testes de diagnóstico, o que os excluiria das estatísticas conhecidas. 

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