O fim do mundo

1. Reflectir no presente histórico é sempre uma tarefa de dificuldade extrema. Mas o potencial que essa análise pode ter é também necessário para o nosso viver comum. Como disse a ensaísta Teresa de Lauretis, “O tempo para teoria é sempre agora”. Reflectir sobre o agora é também examinar as imagens que são produzidas. São a partir delas que configuramos o mundo do possível e são elas que consagram um imaginário destes tempos, que tememos ainda caracterizar como excessivamente sombrios. A imagem é decisivamente uma antítese da invisibilidade: do medo, do ar que respiramos, dos outros. Para além disso, devemos evitar procurar conceitos novos: sofremos ainda as consequências do devir intenso do capitalismo tardio, tal como o pensaram inúmeros teóricos nas últimas décadas. Apesar da tentação da excepcionalidade destas semanas — que existe até um certo grau no quotidiano — podemos pensar a partir das categorias que foram sendo propostas nos últimos anos. Pretendo, tão-só, dar conta de alguns sintomas que se vislumbram na torrente destas imagens audiovisuais que estão a ser produzidas, discutidas e disseminadas. A produção de discurso é, hoje, cada vez mais densa, e aqui só procuro desvendar alguns pequenos sinais destes tempos.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção