Custo do trabalho subiu 6,5% no primeiro trimestre

Aumentos salariais do início do ano e redução das horas trabalhadas na recta final do período, por causa da pandemia, explicam comportamento do índice.

Foto
Reuters/LEAH MILLIS

O Índice de Custo do Trabalho (ICT) ajustado de dias úteis subiu 6,5%, em termos homólogos no primeiro trimestre de 2020, segundo os dados hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

O ICT mede o rácio do custo médio por trabalhador em função das horas efectivamente trabalhadas. O que aconteceu foi um aumento no custo médio, impulsionado por aumentos salariais que entraram em vigor no início do ano, e no sector privado sobretudo o pagamento de prémios e acréscimos. Em paralelo, caiu o número de horas trabalhadas nesse mesmo período, notando-se o primeiro impacto da pandemia de covid-19.

“No trimestre anterior, esta variação tinha sido de 0,8%”, recorda o INE em comunicado, explicando a subida mais pronunciada entre Janeiro e Março com o “acréscimo de 3,1% no custo médio por trabalhador, conjugado com o decréscimo de 3,2% no número de horas efectivamente trabalhadas por trabalhador”.

O custo médio por trabalhador inclui os custos salariais, que aumentaram 6,3%, e os outros custos do trabalho, que aumentaram 7,6%, diz o INE. Os dados sobre horas trabalhadas são inferidos a partir de uma amostra. Já o custo do trabalho é decom base nos valores declarados por 386 mil entidades com remunerações declaradas, num universo de 4,2 milhões de trabalhadores.

As mudanças foram globalmente idênticas na economia. Como diz o INE, “o acréscimo da primeira componente e o decréscimo da componente horas ocorreram em todas as actividades económicas analisadas”.

“O decréscimo na componente horas contrasta com o acréscimo observado no trimestre anterior, justificando a aceleração do ICT no primeiro trimestre de 2020”, destaca o INE, reflectindo a ausência dos trabalhadores nos últimos dias de Março. Na altura, havia empresas já em paragem e, apesar de não haver layoff simplificado em vigor, muitos gestores e trabalhadores anteciparam férias ou foram para casa ou para tomar conta de familiares ou como medida preventiva. 

Detalhando, as duas principais componentes dos custos do trabalho – custos salariais e outros custos (por hora efectivamente trabalhada) – estas aumentaram 6,3% e 7,6%, respectivamente, em termos homólogos.

Grosso modo, no sector privado, o ICT subiu 6,2%, ao passo que no sector público o crescimento homólogo foi de 7%.

Comparando com a União Europeia, globalmente Portugal ficou bastante aquém, com um crescimento médio de 0,8% desde 2013, ao passo que na UE esse aumento foi de 2,7%.

Sugerir correcção