Durante a pandemia, sinalização de crianças em risco caiu 52%

A redução pode ser justificada pelo corte do contacto directo das autoridades que denunciam situações de abuso com as crianças e jovens. Em Março e Abril, foram reportadas 3829 sinalizações.

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Jovens inseridos no projecto AUTONOMIA DE VIDA pela comissao de protecção de crianças e jovens Fernando Veludo/Nfactos/Arquivo

A Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ) registou uma quebra de 52,5% no número de sinalizações de crianças e jovens em risco durante os meses de Março e Abril, coincidentes com a chegada da pandemia de covid-19 a Portugal e consequente fecho de serviços e distanciamento social. A notícia é avançada esta quarta-feira pela TSF.

Nestes dois meses, foram registadas 3829 sinalizações (2405 em Março e 1424 em Abril) – o que é uma “redução bastante acentuada” quando se compara com o mesmo período de 2019, disse a presidente da CNPDPCJ, Rosário Farmhouse, à TSF. “É bastante, mas está em linha com aquilo que são as reduções noutros países”, argumentou.

A descida pode ser justificada pelo corte imposto pela pandemia do “contacto directo” entre entidades que comunicam estas situações (como polícias, escolas, associações, clubes e até particulares) com as crianças e jovens. Tudo isto tornou “mais difícil poderem comunicar situações” à CNPDPCJ.

Os casos mais reportados, adianta a TSF, dizem respeito a “violência doméstica, negligência, maus-tratos psicológicos e maus-tratos físicos”. Em Portugal há 310 Comissões de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) que este ano estão ano a acompanhar cerca de 43 mil crianças “que estão a passar por situações de perigo”. Anualmente, a CNPDPC recebe “entre 30 mil a 40 mil notificações”.

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