Há dois reclusos infectados com covid-19

Doença foi detectada após de regresso de saídas precárias. Presos terão sido infectados no exterior das cadeias onde se encontravam a cumprir pena.

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paulo pimenta

Foram detectados dois reclusos infectados com covid-19. Um cumpria pena na cadeia de Vale de Judeus e outro em Pinheiro da Cruz, tendo ambos sido hospitalizados, informou a Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.

Ambos os presos apareceram com sintomas depois de regressarem de saídas precárias, o que faz os serviços prisionais deduzir que terão sido infectados no exterior da cadeia e não no interior. Um dos reclusos tinha regressado a 9 de Maio o outro a 11. As saídas precárias são de curta duração, no máximo de 72 horas. Desde que começou a pandemia que quem beneficia delas é sujeito a um isolamento profiláctico de duas semanas no regresso à cadeia, para evitar eventual contágio de outros reclusos. E foi durante este isolamento que foram detectados sintomas da doença nestes dois homens, cujos contactos mais próximos – num total de três pessoas – estão também a ser testados, como medida de prevenção.

As saídas precárias das cadeias chegaram a ser adiadas no pico da pandemia, tendo entretanto voltado a ser concedidas. Suspensas continuam ainda as visitas de familiares aos reclusos, que deverão voltar a ser autorizadas no mês que vem.

Até agora só tinha sido detectado em Portugal um caso de covid-19 nas cadeias portuguesas, referente a uma suspeita de tráfico de droga que se percebeu que estava infectada antes de entrar na cadeia para cumprir prisão preventiva. 

O presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Jorge Alves, garante que nenhum dos dez guardas que lidaram agora com os reclusos de Vale de Judeus e de Pinheiro da Cruz foi até agora testado ou recebeu até agora qualquer espécie de indicação sobre os cuidados a ter, uma vez que podem ter sido contagiados. E acusa a Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais de irresponsabilidade, não só por causa deste episódio como por causa de vários outros também relacionados com a alegada desprotecção dos guardas. “A estes profissionais só é distribuída uma máscara por dia, apesar de alguns terem turnos de 12 horas”, exemplifica.

“E apesar de terem saído das cadeias mais de dois mil reclusos ao abrigo das medidas de clemência relacionadas com a pandemia os que ficaram não foram redistribuídos”, com o objectivo de aumentar o distanciamento social dentro das cadeias, critica o dirigente sindical. Jorge Alves refere ainda que, muito embora a ministra da Justiça tenha prometido no final de Março que todos os guardas prisionais seriam testados à doença, os exames só começaram a ser efectuados na passada semana, em estabelecimentos prisionais do Norte do país. “E são facultativos, quando deviam ser obrigatórios”, observa. 

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