António Saraiva: “Não podemos deixar as empresas expostas a fundos abutre”

Governo e CIP vão formar grupo de trabalho para capitalização das empresas. Patrão da indústria deixou na mesa do executivo proposta para criação de um fundo de emergência de três mil milhões de euros para salvar empresas.

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LUSA/JOÃO RELVAS

António Saraiva esteve esta tarde em São Bento reunido com António Costa e Pedro Siza Vieira. O representante da indústria deixou na mesa do Governo uma proposta de criação de um fundo para capitalizar as empresas portuguesas perante a crise económica gerada pela pandemia. “Não podemos deixar as empresas expostas a compras hostis ou fundos abutres”, avisou o líder da Confederação Empresarial de Portugal (CIP).

Apesar do alerta, Saraiva saiu do encontro com o primeiro-ministro e o ministro da Economia satisfeito com o resultado. A CIP vai integrar um grupo de trabalho sobre a capitalização das empresas portuguesas, numa altura em que o montante contratualizado nas linhas de crédito equivale a cerca de 16% do valor global disponibilizado.

A proposta que Saraiva deixou na mesa do executivo passa pela criação de um fundo de emergência para apoiar as empresas, no valor de três mil milhões de euros, reforçando a resposta à crise económica gerada pela pandemia. “Vamos agradados com o facto de o Governo subscrever as nossas propostas e a intenção de se criar um grupo de trabalho para esse objectivo”.

Por definir está tudo: o montante, a forma, a metodologia. Para o “fundo dos fundos” a CIP tem três mil milhões de euros. “Vamos ver o valor que o Governo vai encontrar para este fim”, disse nas declarações aos jornalistas que fez no final da reunião com o executivo. 

A proposta deixada pelo líder da indústria surge perante os fracos resultados das linhas de crédito. “Os processos de linhas de crédito têm sido morosos. Os montantes contratualizados rondam pouco acima de mil milhões” quando as linhas de crédito têm um montante global disponível de 6,2 mil milhões de euros. “Esperamos que estes mil milhões sejam reforçados”, disse Saraiva, referindo de seguida “o risco que a banca não tem querido correr em algumas situações” e que, na perspectiva deste patrão, justifica os baixos montantes contratualizados nas linhas de crédito.

Aos jornalistas, Saraiva mostrou-se ainda confiante que os estados-membros se entendam para um plano de relançamento da economia europeia, independentemente do peso que cada estado tem.


 
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