Câmara de Loures nega responsabilidades na instalação dos cinco refugiados no concelho

Pelo menos em duas ocasiões, os homens ausentaram-se indevidamente da habitação para ir comprar comida a uma superfície comercial próxima.

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LUSA/TIAGO PETINGA

A Câmara Municipal de Loures negou nesta segunda-feira qualquer responsabilidade na instalação de cinco cidadãos requerentes de asilo numa habitação do concelho e pediu ao Governo um reforço da vigilância para evitar mais situações de violação de confinamento.

Os cinco homens, que testaram positivo à covid-19, tinham sido transferidos da Base Aérea da Ota, em Alenquer, para uma habitação numa zona residencial do concelho de Loures, gerida pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Pelo menos em duas ocasiões, os homens ausentaram-se indevidamente da habitação para ir comprar comida a uma superfície comercial próxima.

A situação gerou desconforto junto dos moradores e no domingo, segundo confirmou à agência Lusa fonte policial, cerca de duas dezenas de populares concentraram-se junto à habitação em protesto.

Num comunicado divulgado nesta segunda-feira, a Câmara Municipal de Loures nega qualquer responsabilidade neste processo, assegurando que não foi solicitado para acompanhar a situação dos cinco homens e pediu ao Governo garantias de segurança.

“A Câmara Municipal de Loures considera inteiramente justificadas as preocupações da população da Mealhada em relação à situação ali existente, tendo em conta a violação da obrigação de confinamento a que aqueles cidadãos estão sujeitos e cujo cumprimento tem de ser garantido”, aponta a autarquia.

Segundo a mesma nota, o presidente da autarquia, Bernardino Soares (CDU), “só foi informado dessa operação na quinta-feira por volta das 20h00, quando estava já a ser iniciado o transporte destes cidadãos da base militar da Ota para Loures”.

“A Câmara Municipal de Loures considera que o realojamento destes cidadãos, decidido sem qualquer articulação com o município, deveria ter tido uma preparação cuidadosa, seja em relação à localização (provavelmente não numa zona estritamente residencial e com população idosa), seja em relação à garantia do acompanhamento permanente dos requerentes de asilo”, sublinham.

No entanto, a autarquia ressalva que durante o fim-de-semana “realizou diversas diligências” junto das forças de segurança e do Governo para se inteirar da situação e “exigir que seja garantido o cumprimento do confinamento obrigatório e assegurado o acompanhamento e fornecimento de todos os bens essenciais” aos cinco homens.

“Comprometeu-se o Governo com um reforço do acompanhamento da situação, a articulação com as forças de segurança no sentido de uma vigilância rigorosa do cumprimento do confinamento e a rápida realização de testes, no sentido de verificar a evolução das situações de covid-19”, acrescenta a autarquia.

Entretanto, contactada pela Lusa, fonte da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa esclareceu que a instituição fornece as refeições aos cinco refugiados que estão instalados na Casa das Marés, em Loures.

“A Santa Casa foi solicitada, atendendo à urgência desses requerentes de asilo terem de sair a OTA, para dar resposta e tendo um equipamento na zona de Loures desactivada à cerca de ano, os requerentes de asilo foram instalados na vivenda com acompanhamento da Câmara de Loures e da PSP”, disse a fonte.

A mesma fonte ressalvou que à Santa Casa compete fornecer as alimentações e a parte de segurança e do policiamento cabe às autoridades.

“Quando foram para aquela casa, os refugiados foram avisados de que não podiam sair”, sublinham.

Em 20 de Abril, foram colocados em quarentena na Base Aérea da Ota 171 cidadãos estrangeiros requerentes de asilo que estavam hospedados num hostel em Lisboa, por a grande maioria ter testado positivo ao novo coronavírus (SARS-CoV-2).

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