Professora “Bumba na História” explica online disciplinas que vão a exame

O canal de YouTube da professora Ângela Malheiro tem tido feedback positivo por parte dos alunos do 10.º ao 12.º ano de História A e História e Cultura das Artes.

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Canal da professora Ângela Malheiro chegou ao YouTube há um mês DR

A incerteza acerca do que seria o cenário do ensino em Portugal face ao contexto de pandemia fez com que a professora Ângela Malheiro, professora de História A e História e Cultura das Artes no Colégio do Sagrado Coração de Maria, em Lisboa, tomasse a iniciativa de criar novas ferramentas para os seus alunos. Utilizando material que já era usado nas aulas do 10.º ano ao 12.º ano, complementado com outros recursos como links e vídeos, a docente começou a publicar vídeos no YouTube de 15 a 30 minutos. Do Renascimento à Guerra Fria, todas as semanas são publicados vários vídeos acerca dos conteúdos programados para as disciplinas que lecciona, com enfoque nos estudantes que vão a exame nacional

A motivação para a criação do canal prendeu-se com o desejo de garantir o acesso dos alunos à matéria e não lhes transmitir a incerteza vivida pelos docentes quanto à forma como as aulas se iriam desenrolar. “Não havia nada do Ministério da Educação relativamente ao que seria o 3.º período até à sexta-feira antes deste começar, era uma incógnita muito grande”, lembra a professora ao PÚBLICO.

No dia em que 3.º período arrancou, Ângela Malheiro publicou o primeiro vídeo. O nome “Bumba na História” surgiu como brincadeira, há alguns anos, por comparação dos alunos da forma de falar da professora à da youtuber Mariana Cabral que faz os vídeos humorísticos Bumba na Fofinha. “Isso começou a correr pelo colégio e comecei a ser chamada de ‘Bumba na História’” conta a professora de 45 anos entre risos. Agora, a versão digital chama-se “Tele Bumba”.

Depois de o colégio ter sido encerrado antes ainda da decisão do Governo, após um encarregado de educação ter sido diagnosticado com covid-19, a professora instaurou aulas por videoconferência com os seus alunos. O complemento com os vídeos no YouTube surgiu como forma de “criar uma ferramenta que permitisse aos alunos consultar e revisitar a matéria”, sobretudo os “do 12.º ano que carregam o peso dos exames nacionais”.

É por ter conhecimento desse peso e do facto de saber que existem alunos com “cenários de escola completamente diferentes” que a professora decidiu tornar os vídeos públicos. “A mim agrada-me muito que esta ferramenta sirva de auxílio para todo e qualquer aluno. Estamos todos no mesmo barco, mas há pontos diferentes nesse barco”, sublinha a docente.

O feedback por parte de jovens e pais tem sido muito positivo, mas a professora, que lecciona há mais de 20 anos naquela escola, admite que nunca pensou “que desse tanto trabalho”. Revela que “fazer um vídeo de 30 minutos de raiz pode levar até uma semana” devido ao tempo de pesquisa e de ter a preocupação de colocar as fontes de origem de todos os recursos que utiliza. Por exemplo, o programa de História A do 12.º ano é mais contemporâneo e a utilização dos meios digitais permite recorrer a reportagens de televisão ou artigos de jornais.

Agora, estes conteúdos podem chegar a ainda mais alunos. A professora, e agora criadora de conteúdos, revela que recebeu recentemente a decisão do Ministério da Educação de integrar os vídeos que produz no repositório no YouTube do “Eu Estudo em Casa".

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