Reino Unido adiciona perda de olfacto e paladar à lista de sintomas da covid-19

A partir desta terça-feira, passam a ser quatro os sintomas associados à covid-19 no Reino Unido. Um estudo de Abril já tinha concluído que a perda de olfacto e de paladar são sintomas frequentes nas pessoas afectadas pela doença covid-19 na Europa.

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Reino Unido quer mais segurança antes de avançar para o desconfinamento Reuters/SIMON DAWSON

O Reino Unido adicionou a perda de olfacto e de paladar à lista oficial dos sintomas da covid-19 no país, além da febre e da tosse contínua. As autoridades de saúde esperam que este passo possa ajudar a detectar mais casos de infecção com o novo coronavírus.

“A partir de hoje, todos os indivíduos devem auto-isolar-se se desenvolverem tosse contínua, febre ou anosmia (uma perda ou mudança no olfacto) que também pode afectar o paladar, já que os dois estão intimamente ligados”, referiram em comunicado os quatro principais chefes de serviços médicos do Reino Unido.

Sabe-se que outros possíveis sintomas da covid-19 incluem fadiga, diarreia, dores abdominais e/ou perda de apetite, mas nenhum deles foi, para já, incluído na lista de sintomas.

De acordo com Jonathan Van-Tam, professor e subdirector-geral da Saúde de Inglaterra​, ao adicionar a anosmia, a sensibilidade de captação de novos casos pode aumentar de 91% para 94%.

De acordo com a BBC, desde Março que as autoridades que aconselham o governo britânico estavam a considerar se incluíam a perda do olfacto entre os critérios para decidir se alguém deveria fazer o teste à covid-19 porque existem, até à data, muitas evidências de que este pode ser um dos primeiros sintomas a manifestar-se. A comunidade científica do Reino Unido argumenta que a inclusão destes sinais na lista é um passo importante numa altura em que cada vez mais medidas para desconfinar estão a ser postas em curso no país.

Quando questionado sobre a razão pela qual o Reino Unido demorou mais do que outros países a incluir a perda do olfacto na sua lista oficial de sintomas, Van-Tam referiu que é necessário perceber “quais destes sintomas tornam a interceptação de casos melhor ou pior”.

Também esta segunda-feira, e segundo o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, o Reino Unido expandiu os requisitos de testagem para permitir que qualquer pessoa com mais de cinco anos e com sintomas da covid-19 possa fazer um teste de despiste.

Perda de olfacto e de paladar são sintomas comuns na Europa

De acordo com um estudo coordenado por dois médicos otorrinolaringologistas ligados à Universidade de Mons, na Bélgica, a perda de olfacto e de paladar são sintomas frequentes nas pessoas afectadas pela doença covid-19 na Europa.

Este estudo foi realizado em cerca de 417 pacientes infectados (263 mulheres e 154 homens) com o novo coronavírus, mas de forma “não severa”. No final, verificou-se que 86% dessas pessoas apresentaram problemas de olfacto (a maioria não sente mais nada) e que 88% tiveram problemas de paladar.

Os problemas olfactivos surgem, normalmente, ao mesmo tempo do que os sintomas gerais da doença (tosse, dores musculares, perda de apetite e febre) e os sintomas otorrinológicos (dores faciais, nariz entupido). Mas, por vezes, a perda do olfacto ou do paladar ocorre depois dos outros sintomas (em 23% dos casos analisados) ou antes (em 12% dos casos).

Em Portugal, os sintomas mais comuns em Portugal, de acordo com os dados da Direcção-Geral da Saúde desta segunda-feira, que correspondem a 85% dos casos confirmados, são a tosse (que 41% das pessoas com infecções confirmadas demonstra ter tido), febre (29%), dores musculares (21%), cefaleia (20%), fraqueza generalizada (15%) e dificuldade respiratória (12%).

Nas últimas semanas, os especialistas começam a advertir a comunidade médica para uma lista de “sintomas invisíveis” como vómitos, diarreia e até urticária, que têm passado despercebidos, mas que são cada vez mais associados a um diagnóstico de covid-19. Os médicos defendem que se forem ignoradas, pessoas com estes sintomas (ou até sem sintomas nenhuns) poderão ser os catalisadores de novas cadeias de transmissão activas.

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