Mark Spitz e o adiamento dos Jogos: “Afecta a maior parte das pessoas da mesma maneira”

Antigo campeão olímpico alega que o novo coronavírus vai mudar a forma como se gere o dia-a-dia.

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A antiga lenda da natação mundial e membro da Academia Laureus, Mark Spitz, entende que o novo coronavírus vai mudar no futuro a forma como o mundo lida com muitos dos assuntos quotidianos.

“Penso que o coronavírus vai mudar a forma como fazemos muitas coisas no dia-a-dia, não só a forma como olhamos o desporto”, afirmou ao Laureus.com o antigo nadador norte-americano, que se tornou numa lenda quando conquistou sete medalhas de ouro olímpicas e bateu sete recordes mundiais durante os Jogos de Munique, em 1972.

No entanto, este feito foi ensombrado pelo ataque do grupo terrorista palestiniano Setembro Negro, que conseguiu penetrar na Aldeia Olímpica e fazer reféns 11 atletas israelitas, que acabaram mortos, depois de uma tentativa frustrada da polícia alemã de tentar resgatá-los.

O adiamento dos Jogos de Tóquio2020 colocou novamente o maior evento desportivo mundial no centro das atenções e fez Spitz, agora com 70 anos, recordar-se do momento mais traumático da sua vida.

“Infelizmente, um dia depois de ter terminado a minha competição, os israelitas, 11 deles, foram mortos por terroristas. Eu estava a algumas centenas de metros do local onde eles entraram. Quando acordei, dirigi-me para o local onde tinha uma conferência de imprensa para falar do meu feito e, quando lá cheguei, fui ‘bombardeado’ com perguntas sobre o sequestro, quando não fazia ideia do que tinha acontecido”, recordou o antigo nadador.

Sobre o novo coronavírus, que teve origem na China e que se alastrou pelo mundo inteiro, Spitz, que se encontra em quarentena na sua casa em Los Angeles, lembra que “originalmente disseram que as pessoas tinham de ficar em casa e que era uma questão de duas semanas”.

“Mas apercebi-me que tal não era realista, uma vez que ainda não há cura para esta pandemia. Felizmente para mim, não tenho familiares nem amigos afectados”, disse, elogiando os médicos e enfermeiros que estão na linha da frente arriscando as suas vidas.

Spitz alinha pelos que acham que o COI fez bem em adiar os Jogos de Tóquio: “Pelo menos afecta a maior parte das pessoas da mesma maneira e afecta todo o tipo de desportos de forma igual. No entanto, se alguém está no final da sua carreira, devido à sua idade, ou se não consegue manter-se na forma ideal e as condições de treino para o ano seguinte, pode tornar-se emocionalmente difícil”, sublinhou.

Além disso, o antigo nadador também se mostra preocupado com o futuro, uma vez que diz que “ninguém sabe realmente como estará o mundo em 2021 devido à pandemia”.

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