Com o R0 abaixo de 1, Luxemburgo festeja o nascimento do primeiro filho do grão-duque herdeiro

No grão-ducado, a chegada do bebé foi festejado com uma salva de tiros de canhão.

,Grão-Duque
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O príncipe é o primeiro filho do casal na linha directa da sucessão no grão-ducado DR/Céline Maia-Studio by C
Palácio Grão-Ducal, Luxemburgo
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Charles nasceu na madrugada de dia 10 de Maio DR/Céline Maia-Studio by C
,Casamento de Guillaume, Grão-Duque Hereditário do Luxemburgo e Condessa Stéphanie de Lannoy
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Guilherme e Stéphanie de Lannoy casaram em 2012 DR/Céline Maia-Studio by C

Num dos países mais pequenos da Europa não faltam motivos de celebração: nasceu o primeiro filho do grão-duque herdeiro, Guilherme, filho mais velho de Henrique, actual chefe de Estado do Luxemburgo. Ao mesmo tempo, o surto de covid-19 parece estar no bom caminho de ficar sob controlo.

O pequeno príncipe, que nasceu na madrugada do último domingo, com 3,190 kg, foi apresentado na quarta-feira, com a divulgação das suas primeiras fotografias.

Charles Jean Philippe Joseph Marie Guillaume é o primeiro filho de Guilherme, de 38 anos, e de Stéphanie de Lannoy, condessa de origem belga, de 36 anos, casados desde 2012. Ambos são descendentes do marechal austríaco Charles Marie Raymond (1721-1778), quinto duque de Arenberg.

Surto com R0 abaixo de 1

O nascimento do príncipe não é a única razão de festejos. A forma como o surto de covid-19 atingiu o território luxemburguês também é motivo de alguma satisfação: dos 3904 casos diagnosticados desde o início da pandemia, 103 pessoas morreram e 3629 já recuperaram, restando somente 172 casos activos.

O facto torna-se ainda mais relevante pelo contexto do país. No centro da Europa, o Luxemburgo não só tem três fronteiras terrestres (com a Alemanha, Bélgica e França) como acolhe um dos centros nevrálgicos da União Europeia — a capital é sede de várias instituições europeias, o que faz com que o fluxo de pessoas em trânsito seja elevado, mas também que acolha cidadãos de diversas nacionalidades (os portugueses representavam, em 2015, 17% da população e o português é a segunda língua estrangeira mais falada no país​).

No entanto, desde que o coronavírus SARS-CoV-2 chegou à Europa, o país tem conseguido manter-se longe dos números dos seus vizinhos — a Alemanha regista 7861 óbitos; a Bélgica contabiliza 8903; e a França, 27.077, estando entre países europeus com mais mortos a lamentar.

A 13 de Maio, foram divulgados dez novos casos no Luxemburgo, situando-se o coeficiente de transmissão da doença (o tão importante R0) abaixo de 1, de acordo com o site do Ministério da Saúde do paísPara este resultado terá contribuído o facto de o país ter encerrado todos os serviços a 16 de Março (mantiveram-se abertos apenas negócios de bens essenciais e de saúde), mas também fronteiras — só passam pessoas em trabalho, com autorizações especiais.

A reabertura, faseada, iniciou-se a 20 de Abril, com o reinício das obras de construção civil e a reabertura de lojas de material associado e bricolage. A 11 de Maio, reabriram as escolas secundárias públicas, cabeleireiros e centros de estética e, a 25 de Maio, está prevista a reabertura das escolas básicas de 1.º ciclo, creches e centros de actividades para crianças, com semanas intercaladas. Na mesma data, reabrirá o tribunal com algumas audiências, sendo o teletrabalho promovido, pelo menos até 15 de Julho, data em que se iniciam as férias judiciais. Cafés e restaurantes só voltarão a reabrir após 25 de Maio, sendo que alguns se mantiveram, durante o período de confinamento, com serviços de take-awayAntes, os cidadãos, com mais de 16 anos, vão receber 50 máscaras de protecção.

Abafar as críticas

O nascimento vem ainda dar uma lufada de ar fresco a uma família que tem estado no olho do furacão, desde o início do ano, com críticas sobretudo ao comportamento da grã-duquesa Maria Teresa que levou a que o Governo do Luxemburgo pedisse um relatório sobre a gestão do pessoal da corte.

Isto porque, de acordo com o semanário luxemburguês em língua portuguesa, Contacto, Maria Teresa, uma mulher autoritária e de temperamento difícil, seria a principal responsável por, pelo menos, um terço dos funcionários reais ter pedido a demissão. O relatório, compilado pelo antigo director da Inspecção-Geral das Finanças, Jeannot Waringo, conclui, diz a mesma publicação, que “[a ​actual situação] não pode permanecer igual”.

Ainda em Janeiro, o grão-duque saiu em defesa da mulher, num comunicado, onde enaltece as qualidades de Maria Teresa: “A sua dedicação ao serviço do nosso país, ao meu lado há 39 anos, é exemplar e é essencial para mim.”

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