Quebra de passageiros de 80% facilita novas regras nos transportes públicos

Uso obrigatório de máscara não se revelou problemático na primeira semana das novas regras, de acordo com os dados da CP, do Metro do Porto e do Metropolitano de Lisboa. Nos comboios, as linhas urbanas de Lisboa concentraram 82% da procura a nível nacional.

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Metro de Lisboa diz que poderá vir a controlar acesso a alguns cais, "sobretudo nas horas de ponta”. Daniel Rocha

Naquela que foi a primeira semana após o período de estado de emergência, tanto os metros de Lisboa e do Porto como a CP registaram quebras no número de passageiros superiores a 80%, algo que facilita a nova regra de lotação máxima de 2/3 para os transportes públicos.

No caso do Metro do Porto, nos dias entre 4 e 8 de Maio, já com o uso obrigatório de máscara no rosto e limite de passageiros, fonte oficial diz que o número médio de validações diárias ficou “abaixo das 50 mil”. “Trata-se de menos de 20% do registo médio de validações em dia útil de Janeiro e Fevereiro (que foi próximo das 260 mil)”, refere a mesma fonte.

Em Lisboa, o Metropolitano dá nota de 519.553 passageiros no período em análise, o que corresponde a uma diminuição, neste caso em termos homólogos, de 83%. Olhando para a última semana do estado de emergência, a empresa pública notou um ligeiro crescimento diário, de 1,2%.

Já a CP, sublinhando que os seus dados correspondem a estimativas, diz que se mantém a redução da procura superior a 80% face ao período anterior ao início da situação de pandemia da covid-19, com um total de cerca de 400.000 passageiros a nível nacional.

Urbanos de Lisboa com mais pessoas

De acordo com os dados enviados ao PÚBLICO, a esmagadora maioria corresponde às linhas urbanas de Lisboa (Cascais, Sintra e Azambuja), com cerca de 329.000 passageiros (82% do total). Segue-se depois os urbanos do Porto com 57.000, os regionais com 19.000 e os comboios de longo curso, com apenas 11.000 passageiros.

A CP assegura que a lotação dos comboios se tem “mantido dentro dos níveis determinados”, e o Metro do Porto afirma que a ocupação média “em hora de ponta e nos troços mais sobrecarregados” foi de 43 passageiros/veículos, “bem abaixo do limite máximo de dois terços, que é de 140 passageiros/veículo”. A lotação máxima verificada na semana em causa foi, diz a empresa, de 50 passageiros/veículo.

“A oferta está claramente acima da procura verificada”, refere fonte oficial da transportadora, que fala num balanço “muito positivo” deste “novo normal”. “As medidas de higiene e segurança adoptadas resultaram no cumprimento rigoroso das regras sanitárias em vigor, quer quanto ao limite de lotação quer quanto ao distanciamento social”, sublinha a empresa.

Na capital, também o metro de Lisboa garante que “a ocupação foi mantida abaixo dos 50% nos períodos de ponta, não se tendo registado, até ao momento, sobreocupação dos comboios” devido a um aumento da oferta.

Adesão às máscaras

De modo a conseguir manter a lotação máxima de 2/3 definida pelo Governo, a empresa diz que tem contado também “com os seus colaboradores das estações e com equipas da PSP nas estações principais, para sensibilização da necessidade de aplicação das regras de distanciamento social” e das medidas de saúde pública.

Até aqui, de acordo com estas três empresas, o uso de máscara por parte dos clientes não tem sido um problema relevante.

A CP diz que “praticamente todas as pessoas que acedem aos comboios utilizam a máscara de forma voluntária; o metro de Lisboa refere que “não se verificaram incidentes a nível do uso obrigatório de máscara” até à data, com a PSP a identificar poucos clientes que não utilizavam esta protecção; e o Metro do Porto adianta que “os poucos que não cumprem com essa regra, após serem informados” da lei em vigor, adquirem equipamentos nas máquinas que existem nas estações. De acordo com a empresa, nessa primeira semana foram “vendidas mais de 3300 máscaras”. 

Olhando um pouco para a frente, no âmbito da estratégia de desconfinamento, que consiste em várias fases, o metro de Lisboa refere que “será expectável, igualmente, um aumento gradual do número diário de utilizadores, situação que facilitará a aplicabilidade das medidas recomendadas”.

Ao mesmo tempo, diz, “a oferta será aumentada sempre que tal se vier a justificar”, e poderá também implicar “medidas adicionais de controle, se necessário, designadamente no acesso aos cais, sobretudo nas horas de ponta”.

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