Bruxelas prepara plano para injectar capital público em empresas-chave

Preocupação com a fragilidade de algumas das empresas estratégicas acentuou-se com a pandemia, e governos procuram entradas de capital público feitas à escala europeia.

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Reuters/POOL

A União Europeia (UE) está a discutir um plano de financiamento comum que permita a entrada de capital público em empresas consideradas como sistemicamente importantes, uma forma de evitar não só a sua insolvência como também a possibilidade de passarem a ser detidas por capitais provenientes de fora da UE.

A notícia é avançada nesta quinta-feira pela agência Reuters, que, citando “três fontes com conhecimento do assunto”, dá conta da existência de propostas enviadas por Estados-membros à Comissão Europeia e da vontade de se finalizar um plano final brevemente.

A França, em particular, avançou com a proposta de criação de um fundo, financiado pelos diversos Estados da UE, que serviria para recapitalizar empresas estratégicas em necessidade, especialmente aquelas “a operarem em cadeias de valor estratégicas europeias”. Uma outra proposta consiste em criar a possibilidade de estas empresas emitirem obrigações convertíveis em acções que seriam adquiridas pelo Banco Europeu de Investimento.

A preocupação com a fragilidade de empresas estratégicas europeias acentuou-se com a pandemia, mas não é de agora. Em muitas capitais existe o receio de que empresas importantes à escala nacional e europeia possam ser alvo de capitais fora da UE. A ideia de apoiar os chamados “campeões europeus” tem sido defendida em particular pelos maiores países da UE.

Agora, num cenário de crise que está a obrigar os Estados a terem de responder a diversas solicitações ao mesmo tempo, uma resposta comum europeia ganhou urgência. No entanto, há ainda divergências entre os diversos governos.

A Reuters escreve que França e Itália querem que o plano dê prioridade às empresas dos países mais afectados pela pandemia, enquanto a Alemanha diz que não se pode dar a ideia aos outros países de que estes não têm nada a ganhar. De igual modo, enquanto França e Alemanha pretendem que este apoio vá muito além da presente crise que a presença de capitais públicos nas empresas estratégicas se possa prolongar, a Alemanha pretende que os países possam recuperar o financiamento oferecido o mais rapidamente possível, assim que o capital público injectado nas empresas regresse ao sector privado.

A discussão em relação a este plano decorre em paralelo com a negociação em torno do plano de recuperação europeu, relativamente ao qual a Comissão Europeia está a finalizar a sua proposta.

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