Mário Centeno permanece no Governo

O primeiro-ministro esteve reunido com o ministro das Finanças, horas depois de o Presidente ter tirado o tapete a Centeno na polémica sobre a injecção de capital no Novo Banco. Do encontro saiu a decisão: Centeno continua no Governo.

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Mário Centeno permanece como ministro de António Costa LUSA/MIGUEL A. LOPES

O ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno, vai permanecer no Governo, soube o PÚBLICO. A reunião entre Mário Centeno e o primeiro-ministro, António Costa, que se realizou na residência oficial de São Bento, já terminou.

“O primeiro-ministro reafirma publicamente a sua confiança pessoal e política no ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno”, pode ler-se em comunicado enviado pelo gabinete do primeiro-ministro no final da reunião.

O primeiro-ministro esteve reunido com o ministro das Finanças, esta quarta-feira, horas depois de o Presidente da República ter tirado o tapete a Mário Centeno na polémica sobre a injecção de capital no Novo Banco. Do encontro saiu a decisão de que Centeno continua no governo.

No comunicado, é explicado que “ficaram ainda esclarecidas as questões relativas à falha de informação” relacionadas com o empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução do Novo Banco. 

O documento começa por dizer que “o primeiro-ministro e o ministro de Estado e das Finanças tiveram hoje uma reunião de trabalho, no quadro da preparação da próxima reunião do Eurogrupo, que terá lugar sexta-feira, e da definição do calendário de elaboração do Orçamento Suplementar que o Governo apresentará à Assembleia da República durante o mês de Junho”. 

Ainda sobre o Novo Banco, o comunicado sublinha que “ficou também confirmado que as contas do Novo Banco relativas ao exercício de 2019, para além da supervisão do Banco Central Europeu, foram ainda auditadas previamente à concessão deste empréstimo”, como o PÚBLICO noticiou sábado.

As três auditorias foram feitas, de acordo com o comunicado, pela Ernst & Young, auditora oficial do banco; em segundo lugar, pela Comissão de Acompanhamento do mecanismo de capital contingente do Novo Banco” e ainda pelo Agente Verificador designado pelo Fundo de Resolução, Oliver Wyman.

O comunicado frisa ainda que “este processo de apreciação das contas do exercício de 2019, não compromete a conclusão prevista para Julho da auditoria em curso a cargo da Deloitte e relativa ao exercício de 2018, que foi determinada pelo Governo”.

Polémica adensada com declaração de Marcelo 

O ministro das Finanças esteve esta manhã no Parlamento onde defendeu que a transferência de capital para o Novo Banco não foi feita à revelia de ninguém. Porém, a polémica não ficou por aqui. Esta quarta-feira adensou-se, quando o Presidente da República se colocou ao lado do primeiro-ministro, deixando assim cair o ministro das Finanças nesta polémica

“O senhor primeiro-ministro esteve muito bem no Parlamento, quando disse que fazia sentido que o Estado cumprisse as suas responsabilidades, mas, naturalmente, se conhecesse previamente a conclusão da auditoria”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa. 

O líder do PSD considera que o ministro de Estado e das Finanças “não tem condições para continuar” no Governo e diz que, se estivesse no lugar do primeiro-ministro, o governante, “se não se demitisse, seria demitido”. O líder do PSD falava aos jornalistas, no Parlamento, depois de ter publicado um tweet a condenar a posição de Mário Centeno. 

“O primeiro-ministro é que entende se demite o ministro. Se eu estivesse no lugar dele, se [ele] não se demitisse, seria demitido”, afirmou Rui Rio, considerando que a posição de Mário Centeno é “insustentável”, depois da “crítica pública” do Presidente da República e de a bancada do PS não o ter defendido esta tarde durante o debate parlamentar.

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