Barcelona hesita na devolução dos milhões dos lugares anuais

Clubes espanhóis estudam formas de compensar os sócios “abonados” e que não poderão assistir ao que resta da época.

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Reuters/SERGIO PEREZ

Suspensa desde o início de Março, na sequência da pandemia de covid-19, com 11 jornadas por disputar, a Liga espanhola projecta o regresso, ainda sem data afixada, num momento em que os clubes estudam formas de compensar os adeptos com bilhete anual, quando a ditadura dos jogos sem público promete estender-se para além do final da época ainda em curso.

A discussão - debate que já ocorreu em Portugal - está lançada, mas notícias cada vez mais insistentes, inclusive na imprensa da Catalunha, relativas à possibilidade de o Barcelona estar a tentar evitar devolver os valores proporcionais dos jogos a realizar em Camp Nou carecem ainda de confirmação oficial. Com o regresso das equipas aos treinos, no início da semana, urge uma resposta cabal.

As verbas envolvidas (só de bilheteira), para além do peso que representam nas cada vez mais debilitadas receitas dos clubes, atingem dígitos que até a liquidez de verdadeiros titãs sente dificuldade para colmatar, como parece confirmar-se no caso do Barça, que tem 85.000 “abonados” com quotas entre 150 e 1.250 euros ano.

Nessa medida, os clubes espanhóis, com o Real Madrid a tentar uma abordagem ligeiramente diferente da dos rivais catalães, estejam a analisar todas as possibilidades para não defraudarem moral e financeiramente os respectivos sócios, de igual forma atingidos pela crise económica e financeira que se instalou profundamente em todo o mundo.

Uma das formas que está a ser ponderada, com a entrega de vouchers para a época seguinte, é, no fundo, transferir o problema para um futuro próximo e pouco claro, mas que evita que tenha de passar-se um cheque milionário, pois só no caso do Barcelona – o clube com maiores receitas por jogo, na ordem dos seis milhões de euros – é evidente o esforço necessário, mesmo tendo os clubes, de uma forma geral, aliviado o garrote ao reduzir a folha salarial referente aos plantéis. Isto sem contabilizar os apoios e subsídios e os direitos de transmissão caso o campeonato avance.

No Real Madrid, por exemplo, o “abono” mais caro para o campeonato é de 2.024 euros, quando restam disputar seis partidas no Santiago Bernabéu. Reduzir este valor na próxima campanha é outra saída estudada pelos dirigentes espanhóis. Só que, na verdade, ninguém pode fazer cálculos quando a possibilidade de voltar a ter adeptos nas bancadas continua a ser uma incógnita até ao final do ano, no mínimo.

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