Designers libaneses cruzam a máscara social com a moda para combater a pandemia de covid-19

Em Beirute, procura-se tornar o uso da máscara apelativo e, ao mesmo tempo, manter o motor da economia a funcionar.

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A marca de design Bokja, com sede em Beirute e especializada em mobiliário, passou a dedicar o tempo dos seus trabalhadores a coser máscaras coloridas de seda, numa acção que tem como objectivo fomentar o uso deste tipo de barreira e refrear a propagação do novo coronavírus, ao mesmo tempo que recolhem fundos para as acções de combate à doença. Assim, o lucro da venda destas máscaras, que surgem por um preço de 35 dólares (32,23 euros), está a ser encaminhado para os serviços de enfermagem que estão na linha da frente no Líbano, onde há, até à data 870 casos de covid-19 confirmados, tendo o país registado 26 mortos​ — no entanto, os efeitos da pandemia já se fazem sentir na economia do país.

“Vi uma enfermeira do Hospital Rafik Hariri a chorar na televisão... Por isso, decidimos que uma parte das receitas irá para eles”, explicou a co-fundadora da Bokja, Houda Baroudi​.

O negócio de Baroudi é um dos vários que alteraram o seu foco de produção face ao cenário da pandemia. No caso, deixaram de construir artigos de mobiliário e passaram a criar máscaras, tornando este objecto num acessório de moda. “As máscaras faciais são uma coisa triste, mas quando lhes damos esta forma — e cada uma delas é diferente —, vemo-nos de volta à ideia-base da [marca de design] Bokja, que é encontrar a beleza na fealdade”, explicou a outra fundadora do emblema, Maria Hibri. Desta forma, as máscaras “ajudam a levantar a moral”, acrescentou Baroudi.

Por outro lado, esta adaptação permitiu manter os funcionários e os rendimentos destes. É que, embora a loja e o atelier de luxo tenham estado encerrados, o pessoal recebeu máquinas de costura e têxteis para trabalhar a partir de casa.

Outras marcas escolheram percorrer o mesmo caminho, como foi o caso de Eric Mathieu Ritter, fundador da empresa de design Emergency Room Beirut, reconhecida por apostar em peças de pronto-a-vestir criadas de forma sustentável. Primeiro, o designer começou a coser máscaras faciais para a sua família, mas o interesse despertado pelas peças determinou o novo negócio. “As pessoas começaram a perguntar pelas máscaras e eu comecei a vendê-las”, resumiu o criador, explicando que “a reacção positiva” deveu-se às estampagens e padrões utilizados: “Permitiu que as pessoas se sentissem únicas.” Ao mesmo tempo, conseguiu, mesmo mantendo o valor das máscaras nos cinco dólares (4,60 euros), o suficiente para continuar a pagar salários. “Eles (os funcionários) precisam deste trabalho para poderem viver.”

O Líbano, que já enfrentava uma severa crise económica, com um elevado desemprego e inflação, decretou o estado de emergência, com recolher obrigatório parcial, em finais de Março. A reabertura faseada, já este mês, tem permitido a abertura de algumas empresas, mas as autoridades temem uma segunda vaga. Enquanto isso, o uso de máscara tornou-se obrigatório em espaços fechados, tal como em Portugal.

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