Cartas ao director

Acordo ortográfico e o Dia Mundial da Língua Portuguesa

Li uma carta ao director (do leitor António Pena), da qual discordo em absoluto, porquanto advoga o abandono duma marca que vos define, a saber, a oposição ao espúrio acordo ortográfico de 1990. Sou leitor compulsivo do PÚBLICO desde o primeiro número, apesar de ter vivido vários anos no estrangeiro. Uma das razões que me prendem ao PÚBLICO é precisamente o facto de o jornal constituir um exemplo de grande coragem e combatividade no que à resistência ao dito acordo. Aliás nem entendo a teimosia da classe política em não querer discutir o assunto, insistindo numa ortografia cuja prática se vem revelando desastrosa, semeando o caos ortográfico, desde o Diário da República aos escritos dos vários ministérios e comunicados da própria Presidência da República. A maioria dos escritores vivos rejeita esta confusa e abstrusa ortografia.

Aproveitando o primeiro Dia Mundial da Língua Portuguesa (5 de Maio), a quarta mais falada como língua materna, é tempo de reflectir e actuar com determinação. Se outras mais faladas nunca tiveram qualquer tipo de acordo ortográfico, mau grado tantas variantes, por quê teimar num acordo cuja prática demonstrou ad nauseam” ser impossível? E, ironia das ironias, o único país que mais ou menos o vai cumprindo é apenas Portugal. 
Cientificamente constitui uma manta de retalhos, está carregado de ilogicidades e recebeu parecer negativo de 25 linguistas e académicos num total de 27 recebidos. Espalhou o caos ortográfico. 

José Sousa Dias, Ourém 

Fragilidades fundamentais

A pandemia de covid-19 que se abateu sobre todos nós, tendo em conta a luta diária mantida para neutralizarmos os malefícios sanitários face ao vírus, veio pôr a nu as fragilidades da nossa indústria e de toda a economia face à continuada dependência externa. Os empresários deixaram de diversificar o mundo industrial de modo a sermos autossustentáveis, nem mesmo o Estado os alertou para tal facto tão negativo. Até houve um primeiro-ministro que tudo fez para encerrar indústrias de topo, que nos davam uma grande autonomia, para não dependermos de terceiros.

Quando se chegou ao ponto de uma simples agulha para costura ser importada, bem como um mero carrinho de linhas e demais bugigangas que por cá se fabricavam; quando deixámos que outras nações governassem a seu favor os destinos de empresas nacionais e fundamentais para a independência de Portugal, arrecadando para si todos os milhões dos lucros usufruídos, tal como a existência de leis internas consentirem que muitos lucros sejam postos no estrangeiro e em paraísos fiscais; Quando não dermos prioridade para que quase tudo seja made in Portugal.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

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