Em dia de recorde de infecções por covid-19, Putin anuncia reabertura gradual da economia

A Rússia é já o quarto maior foco de contágio pela covid-19 em todo o mundo, apesar de os dados oficiais revelarem uma baixa letalidade.

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Em Moscovo, o isolamento social vai manter-se até ao fim de Maio EPA/SERGEI CHIRIKOV

Apesar do crescimento acelerado do número de contágios pelo novo coronavírus, o Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou o levantamento gradual das medidas de isolamento social a partir desta semana.

Esta terça-feira vai terminar o período de “não-trabalho”, como designou o Governo russo o encerramento de todos os estabelecimentos e serviços considerados não essenciais, com os trabalhadores enviados para casa e com direito ao salário. Esta foi a principal medida a nível nacional tomada por Putin, que decidiu delegar para as autoridades regionais a maioria das iniciativas para conter a propagação da covid-19.

“Todas as medidas que adoptámos permitem que avancemos para a próxima fase no combate contra a epidemia e começar a levantar as restrições do isolamento”, afirmou Putin, durante uma comunicação televisiva esta segunda-feira.

A reabertura da economia russa vai ser feita de forma gradual e a tempos diferentes consoante as regiões. Em Moscovo, por exemplo, que é o epicentro da pandemia no país, as medidas de isolamento vão manter-se em vigor até ao fim de Maio.

Os primeiros sectores a regressar ao trabalho serão a construção civil, agricultura e a energia, de acordo com o plano governamental. “Não podemos permitir uma quebra, um recuo, uma nova onda epidémica e um aumento das complicações graves”, disse Putin, que sublinhou que “não irá haver um levantamento rápido das medidas”.

Putin anunciou igualmente um pacote de ajuda às famílias e empresas atingidas pela suspensão da actividade económica. O desemprego duplicou no último mês e há agora 1,4 milhões de russos sem trabalho.

Apesar do levantamento das medidas de isolamento, Putin reconheceu que “o combate contra a epidemia não está a acabar”. A subida acelerada do número de contágios está a tornar a Rússia num novo foco da pandemia da covid-19 a nível global. Entre domingo e segunda-feira, houve mais de onze mil novos casos e, ao todo, registam-se 221.344 infecções, segundo o mapa da Universidade Johns Hopkins, o que coloca a Rússia como o quarto país com mais casos em todo o mundo. Na semana passada, a Rússia já tinha apresentado a mais elevada taxa de novas infecções em toda a Europa, de acordo com a Reuters.

Em relação às mortes, até ao fim de segunda-feira havia 2009. A baixa taxa de letalidade, quando comparada com outros países europeus, leva acríticos do Kremlin a duvidar da fiabilidade das estatísticas sobre as mortes causadas pela covid-19. Os óbitos tendem a ser atribuídos à causa directa, a falha no órgão que se revelou fatal, e não ao quadro clínico geral, explicou um demógrafo russo ao New York Times.

O mais interessante, disse Aleksei Raksha, será comparar o excesso de mortes por mês neste ano com o de outros anos. As autoridades de saúde de Moscovo revelaram já que a mortalidade na capital russa em Abril subiu 18% face ao ano anterior.

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