Foram 54 dias de internamento e destes meia centena passados nos cuidados intensivos, depois de ter dado entrada no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. No entanto, houve um final feliz: a cirurgiã Angelita Habr-Gama, que se notabilizou internacionalmente na área da coloproctologia, especialidade que estuda as doenças do intestino grosso, do recto e ânus, recebeu alta e, segundo a própria disse ao jornal Estadão, para a próxima semana já deverá estar a dar consultas.
“Vê-la curada, depois de uma intensa batalha contra o vírus, renova a nossa confiança na medicina, na ciência, na luta para salvar vidas e traz imensa alegria a todo o corpo clínico e assistencial da instituição”, lê-se no texto do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, citado pela imprensa paulista.
A recuperação da especialista é motivo de celebração, uma vez que a sua idade, 91 anos, a colocava entre um dos grupos que corre maior risco de não sobreviver à doença.
Formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), onde também leccionou, Angelita Habr-Gama fundou a Associação Brasileira de Prevenção do Cancro do Intestino, tendo sido indicada pela Organização Mundial de Gastrenterologia como coordenadora no Brasil do Programa de Prevenção do Cancro do Cólon e Recto.
Ao longo da sua carreira, notabilizou-se ainda como investigadora, tendo sido a primeira mulher da América Latina a integrar a Associação de Cirurgiões Americanos e também a primeira a ser convidada como membro honorário da Associação de Cirurgiões Europeus.
Em 2006, a Forbes Brasil incluiu-a na lista das mulheres mais influentes daquele país. Segundo a organização da Semana de Meninas e Mulheres na Ciência, que se realizou em Novembro de 2018, Angelita Habr-Gama já publicou mais de 300 trabalhos científicos em publicações especializadas e apresentou mais de 2400 trabalhos em congressos, somando mais de 50 prémios científicos nacionais e internacionais.