O dever da memória

Todas as esperanças são legítimas, quando se comemoram os 70 anos do acto fundador da integração europeia. Mesmo que amanhã voltemos a ter os pés bem assentes na terra.

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1. As palavras contam. E contam ainda mais quando pesa sobre nós este estranho silêncio de um tempo que ficou em suspenso até ao dia em que a vida possa recomeçar. Todas as que foram ditas nos últimos dois dias pelos líderes europeus não podem nem devem ser escutadas como um simples proforma, um ritual que se cumpre todos os anos, mais por dever de ofício do que por dever da memória. Algumas dessas palavras vieram carregadas de significado. Como aquelas que o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, pronunciou em Berlim, junto à réplica da escultura Mãe com filho morto, de Käthe Kollwitz, no memorial às vítimas da guerra e da tirania, numa cerimónia solitária, acompanhado apenas pela chanceler, Angela Merkel, pelo presidente do Bundestag, Wolfgang Schäuble, pelo presidente do Tribunal Constitucional, Andreas Vosskuhle, e pelo ministro-presidente do Land de Brandeburgo, na capital alemã. “Talvez o facto de estarmos sozinhos nos leve até mais próximo do dia 8 de Maio de 1945, porque nesse tempo os alemães estavam sozinhos (…), derrotados militarmente, politicamente e economicamente, esmagados moralmente. Fizemos de nós o inimigo do mundo.” As suas palavras servem de prólogo para a frase mais tocante do seu discurso: “Só se pode amar este país com um coração partido.”

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