Centenas de manifestantes em Bagdad exigem mudança política e melhor vida

O protesto não tem a força do levantamento de Outubro do ano passado, devido à pandemia. Mas as exigência são as mesmas: mudanças, já.

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Mustafa al-Kadhimi, à esquerda KHALID AL-MOUSILY/Reuters
,Primeiro Ministro do Iraque
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Mustafa al-Kadhimi, à esquerda Reuters
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Mustafa al-Kadhimi, à esquerda
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Bagdad neste domingo KHALID AL-MOUSILY/Reuters

Centenas de iraquianos manifestaram-se neste domingo em Bagdad, no regresso dos protestos contra o Governo, contra a classe política e para exigir melhores condições de vida. Os protestos regressaram ao centro da capital do Iraque escassos dias após a nomeação de um novo primeiro-ministro, o antigo chefe dos serviços secretos Mustafa al-Khadhimi, o terceiro no espaço de um ano.

O primeiro-ministro, que conta com uma base de apoio política mais sólida do que os antecessores, tinha anunciado uma série de medidas destinadas ao apaziguamento social. Prometeu libertar os manifestantes presos nos protestos de Outubro e, após a primeira reunião do seu Conselho de Ministros, pediu justiça para as 550 pessoas mortas na repressão do Estado durante os protestos. Sendo na altura o chefe das secretas, pediu também compreensão aos iraquianos e às famílias das vítimas.

Em reposta, e apesar da pandemia da covid-19, centenas de pessoas juntaram-se na Praça Tahrir, na maior manifestação no país desde 17 de Março, quando foi imposto o recolher obrigatório devido à pandemia, relata a jornalista da Al-Jazeera em Bagdad Simona Foltyn.​

“Desde essa altura, a Tahrir tem estado vazia, com apenas algumas dezenas de pessoas em tendas”. Neste domingo, relata a jornalista, centenas de pessoas começaram a concentrar-se às dez da manhã. “É pouca gente quando comparado com o início dos protestos... mas as pessoas continuam a chegar à Tahrir e o número pode subir”.

O novo Governo foi formado seis meses depois da demissão de Adel Abdul Mahdi, perante a pressão dos protestos onde se exigiu o afastamento de toda a classe política que tem dominado o país, arrastando-o para a ruína económica.

Houve cedências, com a distribuição de cargos ministeriais - na verdade diz a Al-Jazeera, os principais partidos escolheram as pastas que queriam, para evitar novo bloqueio.

Mas os manifestantes rapidamente voltaram à rua e, este domingo, pediram o que pedem desde Outubro: o afastamento de toda a classe política, uma mudança no sistema político e a recuperação da qualidade de vida perdida em guerras internas e na transformação do país numa plataforma de conflitos entre forças externas.

Um primeiro teste a Mustafa al-Khadhimi será a forma como vai reagir aos protestos, que até aqui foram reprimidos com violência. 

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