Por uma RTP Escola sempre online

Todos ganharíamos com uma RTP Escola em permanência, a ser continuamente desenvolvida de forma híbrida, conjugando conteúdos lectivos com abordagens mais alargadas de informação e acesso a conhecimentos específicos, tais como documentários e outros programas informativos e de entretenimento.

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PAULO PIMENTA

O #EstudoEmCasa é a nossa telescola da actualidade. No entanto, as aulas hoje exibidas na televisão são diferentes das de outrora, embora ambas sejam soluções de recurso perante a impossibilidade de realizar aulas presenciais. 

A escola foi forçada a abraçar as tecnologias de informação e comunicação (TIC). Não foi por falta de tentativas de muitos visionários e investigadores que trabalham há anos nessa área. Agora, todos os seus esforços e conhecimentos parecem ser poucos para dar resposta a todas as necessidades. Faltam as infra-estruturas, o hardware e o conhecimento generalizado sobre a utilização dos sistemas e da própria organização pedagógica e operacional para realizar o ensino à distância. Temos provas de que o ensino pode ser feio de forma massificada através das TIC, mas também não duvidamos que nada substitui certas dimensões presenciais do ensino. O futuro será híbrido. Cabe-nos aproveitar o melhor dos dois mundos e inovar conscientemente.

Paralelamente a tudo isso ressurgiu a ideia de voltar a exibir aulas na televisão pública. Hoje temos a TDT, que permite incluir mais canais na grelha, e novas ferramentas digitais que ajudam na produção e disseminação dos programas. As televisões hoje são smart e a articulação com as plataformas online e a integração com novas interfaces de utilização estão aí ao nosso dispor para serem exploradas. Vemos isso a ser feito diariamente nos noticiários e noutros tipos de programas televisivos. Mas o #EstudoEmCasa parece não ter tido o planeamento e tempo suficiente para desenvolver e aplicar tudo isso. É normal, é uma medida de recurso em tempos de emergência. Precisamos de mais tempo e investimento. Então, depois disto passar, será que se continuará a investir nesta telescola?

Todos ganharíamos com uma RTP Escola em permanência, a ser continuamente desenvolvida de forma híbrida, conjugando conteúdos lectivos com abordagens mais alargadas de informação e acesso a conhecimentos específicos, tais como documentários e outros programas informativos e de entretenimento. Esta nova escola televisiva poderia ser uma forma de gerar igualdade de oportunidades, proporcionando mais uma alternativa para as famílias que não podem pagar apoio ao estudo ou explicações. Seria uma forma de reforçar o próprio serviço público, proporcionando também aulas alternativas e programas de apoio à aquisição de conhecimento, tanto para crianças como para adultos. Com este novo tipo de serviço universalista e acessível a todos poderíamos recuperar o antigo hábito, agora reinventado, de ver televisão em família de forma interactiva. A RTP Memória bate recordes de audiência porque as crianças têm de assistir às suas aulas, mas também porque muitos outros espectadores procuram alternativas e uma forma de ver televisão que lhes ensine algo.

A RTP Escola seria também uma forma de criar mais emprego para professores, que se poderiam especializar nestes novos formatos de comunicação educativa. Com isso talvez se melhorasse a empatia e aproximação entre professores e cidadãos, reforçando a sua imagem e reconhecimento social, pois a televisão continua a ser uma das principais formas de comunicação em massa. O futuro depende dos professores como profissionais, das nossas crianças como agentes activos dos ensinamentos e competências que adquirem, mas também de todos nós que aspiramos a uma sociedade onde o saber e a cidadania dominem. Isso só se faz com professores motivados e preparados para os desafios do futuro, independentemente das plataformas. Quem sabe a telescola do futuro possa contribuir para isso.

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