Covid-19: Morreu o rapper britânico Ty

Nomeado para um Mercury Prize em 2004, era também produtor, tinha 47 anos e não resistiu ao novo coronavírus.

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Uma das grandes figuras da cultura hip-hop londrina, e especificamente de Brixton, o rapper e produtor Ty, que foi nomeado em 2004 para um Mercury Prize pelo álbum Upwards, morreu esta quinta-feira, vítima de uma pneumonia depois de ter passado o último mês internado com uma infecção de covid-19 e ter estado num coma induzido. Tinha 47 anos.

Nascido Ben Chijioke em Londres, em 1972, no seio de uma família nigeriana pertencente ao grupo étnico Igbo, Ty auto-intitulava-se “o verdadeiro mayor de Brixton”, o seu bairro. Ao longo de uma carreira de mais de 20 anos, fez música que, ao mesmo tempo, reconhecia o passado e o presente do rap, sem seguir as tendências mais recentes, mas também sem soar antiquada. Aliás, estava sempre à procura de novos talentos no rap com quem colaborar ou para quem ser um mentor. O rap dele, que coabitava sem problemas com o grime e outras sonoridades em voga nos anos 2000, mesmo que existisse numa categoria à parte, era frequentemente apelidado de “próximo do jazz”, ou não actuasse e gravasse várias vezes com banda, ou “relaxado”, características que ele rejeitava totalmente, por não ser uma pessoa que se assumisse como “descontraído”.

A carreira de Ty, muitas vezes ignorada pela própria imprensa do seu país, começou na spoken word em cafés e casas de chá, nos anos 1990. Foi nessa altura que ajudou a fundar do projecto de educação de hip-hop Ghetto Grammar. Desde 2001, ano do primeiro disco, Awkward, lançou cinco álbuns, seja por editoras como a Big Dada ou a BBE ou em edições próprias. Dessa discografia contam, além de UpwardsCloser ou o mais recente A Work of Heart, de 2018. Insurgia-se contra e tentava não fazer o que é comum no seu género musical, em que vários produtores e convidados trabalham separadamente, faixa a faixa, para construir um disco, tentando pensar todas as suas colaborações e discos como uma só unidade coesa em termos de som e tópicos abordados nas letras.

Em 2002, fez parte de Homecooking, álbum a solo de Tony Allen, o lendário baterista criador do afrobeat que morreu na semana passada que também apareceu em Awkward. Colaborou também com nomes como De La Soul, Speech, dos Arrested Development, ou Umar Bin Hassan, dos proto-rappers The Last Poets. No ano passado juntou-se a Rodney P e Blak Twang no supergrupo Kingdem.

Actuou em Lisboa, em sítios como o Mercado ou o Musicbox, na primeira década dos anos 2000.

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