Um terço do país está em situação de seca moderada e fraca

Chuvas de Abril dotaram as 59 albufeiras públicas nacionais de um razoável nível de armazenamento. A bacia do Sado continua a registar uma preocupante escassez de água.

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helena rodrigues

A chuva que caiu ao longo do mês de Abril afastou o país dos cenários de seca severa que se observaram nos meses anteriores. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) anunciou, nesta quarta-feira, que no final de Abril se tinha verificado “uma diminuição” da área e da intensidade da seca meteorológica nas regiões do Centro e do Sul, “onde já não se verifica a classe de seca severa”, mantendo-se ainda a classe de seca moderada no Baixo Alentejo e Algarve.

Assim, no final do mês de Abril cerca de um terço do território nacional estava em “situação de seca meteorológica fraca (19,4%) e moderada (14,5%)”. A normalidade meteorológica abrange 25,5% do país, estando o restante, mais concretamente o norte e parte do centro em situação de chuva fraca, segundo a classificação do índice que mede a severidade das secas.

Também o volume de armazenamento de água nas albufeiras que integram o Serviço Nacional de Informação e Recursos Hídricos (SNIRH) registava no final do mês de Abril e comparativamente ao último dia do mês anterior um aumento do volume armazenado em 11 bacias hidrográficas e uma descida em apenas uma.

Das 59 albufeiras monitorizadas, 25 apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total e nove têm disponibilidades inferiores a 40% do volume total. Em 45, o volume de armazenamento subiu, em oito manteve os valores de Março e em seis albufeiras, todas na mesma bacia, a reserva de água sofreu uma redução.

Os armazenamentos de Abril de 2020 por bacia hidrográfica apresentam-se superiores às médias de armazenamento de Abril, que toma como referência o período que decorreu entre 1990/91 e 2018/19, excepto para as bacias do Ave, Ribeiras do Oeste, Sado, Guadiana, Mira e Ribeiras do Algarve.

As grandes albufeiras nacionais têm, neste momento, significativas reservas de água: Alto Lindoso (79,6% da capacidade total), Caniçada (97,3%), Alto Rabagão (93,8%), Aguieira (93,6%), Cabril (89,3%), Castelo do Bode (89,2%), Montargil (97,7%), Maranhão (98,8%), Alvito (87.4%) e Alqueva (69%) mantêm um volume de 3.246.729 milhões de metros cúbicos de água.

As barragens do Caia (43,8%); Monte da Rocha (10,5%) e Santa Clara (48,8%), todas no sul do país, tinham valores mais baixos. 

A bacia hidrográfica do Sado é onde persiste o crónico problema da falta de água. O volume de água máximo que as suas 10 albufeiras podem receber é de 613.773 milhões de metros cúbicos. No final de Abril apresentavam 249.681 milhões. Campilhas (9,6%), Fonte Serne (29,8%), Roxo (30,5%), Monte Gato (22,3%) e Monte da Rocha (10,5%) persistem como as reservas de água mais problemáticas a nível nacional.

Apesar da albufeira do Alqueva, que tem uma capacidade máxima de armazenamento de 4150 milhões de metros cúbicos, continuar a apresentar 2864 milhões de metros cúbicos, as chuvadas de Abril traduziram-se num acréscimo de apenas 78 milhões de metros cúbicos, pouco mais de 60 centímetros no seu nível armazenamento. Como o seu caudal morto (volume de água que não pode ser usado por razões ecológicas) é de um milhão de metros cúbicos e a evapotranspiração retira ao espelho de água cerca de 200 milhões de metros cúbicos/ano, restam 1600 milhões de metros cúbicos para usos na agricultura, indústria e consumo humano, reduzindo para dois anos a capacidade de manter o sistema agrícola que alimenta.

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