Sem medidas de contenção teria havido mais mortes e internamentos entre 1 e 15 de Abril

A conclusão resulta do barómetro semanal da Escola Nacional de Saúde Pública.

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O plano de desconfinamento em Portugal começou na segunda-feira, dia 4 de Maio Paulo Pimenta

Portugal teria registado mais mortes e mais internamentos entre 1 e 15 de Abril se não houvesse medidas de contenção e mitigação da covid-19, conclui o barómetro semanal da Escola Nacional de Saúde Pública, divulgado esta terça-feira.

Naquele período registaram-se, segundo os peritos da Escola da Universidade Nova de Lisboa, “442 óbitos por covid-19, menos 25% do previsto no mesmo período, sem as medidas de contenção e mitigação”.

A descida é ainda mais significativa no caso dos doentes em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI): “menos 53% do que seria de esperar”. Os 1158 internados em hospitais representaram “menos 12% do que previsto”, referem. Os casos notificados durante o mesmo período ficaram 23% abaixo dos quase 25 mil esperados, sem medidas de contenção e mitigação, acrescentam.

Os resultados observados “sugerem que as medidas de confinamento e isolamento social foram e estão a ser efectivas na redução da mortalidade e dos casos graves de covid-19”, observam os especialistas da Escola Nacional de Saúde Pública.

“Portugal actuou cedo”, voltaram a constatar, sublinhando que a população “aderiu de forma rápida e efectiva às medidas de contenção e mitigação decretadas pelo Governo, reduzindo a sua mobilidade efectiva para uma grande parte das actividades da vida diária, incluindo retalho e lazer (-83%), parques e afins (-80%) e transportes (-79%)”. O que não aconteceu em Itália nem no Reino Unido, comparam.

“Sugerimos que as medidas de contenção e mitigação adoptadas pelas autoridades estarão a ser efectivas [eficazes] na redução da mortalidade e dos casos graves de covid-19, aqueles que requerem de internamento em UCI e mesmo no número de novos casos”, conclui-se no documento.

Os especialistas consideram que é agora “altura de discutir as estratégias para a recuperação faseada da vida económica e social”, mas protegendo do contágio “as pessoas com maior risco de terem doença grave e até morrer, nomeadamente as que têm mais de 70 anos ou têm comorbilidades debilitantes”.

Além disso, “o sistema de vigilância epidemiológica tem de ser capaz de detectar precocemente um aumento de número de casos acima do nível esperado em cada semana, em cada município, ou mesmo por freguesia no caso de grandes municípios”, aconselham.

“É também necessário iniciar o programa de testes serológicos, começando em populações específicas e alargando progressivamente a amostras representativas de diferentes populações, para seguir o estado imunitário da população”, sustentam. Na opinião da Escola Nacional de Saúde Pública, deve ser mantida “activa uma reserva estratégica de pessoal e equipamentos” capaz de responder a um novo surto.

Os especialistas alertam que o impacto da alteração do estado de emergência para o estado de calamidade só poderá ser observável “depois de terem passado mais do que 15 dias”, mas adiantam que é possível “retirar algumas conclusões do aligeiramento das medidas efectuado noutros países”, nomeadamente na República Checa, Áustria e Dinamarca.

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