Antiga cerâmica das Devesas em Gaia vai ser museu dedicado ao Ambiente

Câmara desistiu de fazer na antiga fábrica o Museu da Cidade e apostou num tema mais universal.

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A fábrica fundada no século XIX NFACTOS / FERNANDO VELUDO

A antiga cerâmica das Devesas, em Vila Nova de Gaia, vai acolher um museu sobre alterações climáticas que se designará “Gaia Museu-Ambiente”, numa decisão aprovada esta segunda-feira por unanimidade em reunião camarária.

A antiga cerâmica das Devesas, cuja compra foi anunciada em Fevereiro de 2018 pelo município, tem uma área total de 13.500 metros quadrados. Inicialmente foi anunciado que no espaço seria colocado o futuro Museu da Cidade, projecto que agora foi actualizado para um equipamento dedicado às questões ambientais.

“Temos muito boas expectativas quanto a esta obra e ao que pode gerar. Será o segundo museu do género na Europa”, disse o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia na reunião que decorreu por videoconferência devido à pandemia da covid-19.

Já à margem da sessão, em declarações aos jornalistas, o autarca revelou que o projecto, actualmente em fase de execução de peças e ainda sem data prevista para obra no terreno, tem recolhido interesse de “muitos gabinetes internacionais” e que a “câmara tem recebido muitos contactos”. O autarca também frisou que a relação com a Universidade do Porto será para “explorar” no contexto deste projecto.

Já em nota enviada na quinta-feira, a Câmara de Vila Nova de Gaia tinha revelado que o projecto designar-se-á “Gaia Museu-Ambiente” e sublinhou que o complexo industrial da antiga fábrica de cerâmica das Devesas “é um dos mais relevantes imóveis com valor histórico e cultural” do concelho, tendo “uma importância arqueológica e arquitectónica ímpar”.

“O significado histórico da actividade industrial no concelho, e em particular a relação com os movimentos artísticos centrados nas figuras de Soares dos Reis e Teixeira Lopes, confere àquele complexo industrial um valor excepcional de enorme importância estratégica para o desenvolvimento futuro da cidade, reforçado pela localização privilegiada da fábrica junto à estação de comboios das Devesas”, descrevia a autarquia.

Em Setembro de 2018 foi anunciado que o projecto de requalificação da cerâmica das Devesas incluiria parque de estacionamento para 500 a 700 carros, o futuro Museu da Cidade e um auditório com capacidade para 500 pessoas, sendo 60% do espaço para fruição pública.

Nessa data também foi estabelecido um protocolo entre a Câmara de Vila Nova de Gaia e a Ordem dos Arquitectos para o lançamento de um concurso de ideias para definir o desenho deste projecto. O modelo de concurso internacional aberto a todos os arquitectos foi aprovado a 17 de Fevereiro por unanimidade em reunião camarária.

Nessa data, à margem da sessão de câmara e em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia antecipou que estava “em estudo” a alteração de tipologia do museu para “um museu e laboratório interactivo sobre mudanças climáticas”.

“Sentimos que há muita coisa que está a ser dita e escrita sobre a temática das alterações climáticas e do ambiente, mas também muito senso comum e um vazio pedagógico. Em Portugal, o trabalho está a ser feito pelas universidades e organizações não-governamentais, mas achamos que Gaia pode dar mais contributos”, disse Eduardo Vítor Rodrigues.

Questionado sobre datas para o arranque de obras e instalação de equipamentos, Eduardo Vítor Rodrigues disse que “todo o projecto foi pensado numa perspectiva de médio prazo”, não sendo possível, no entanto, “devido às burocracias”, definir prazos precisos. “A expectativa é durante este ano conseguir seleccionar o projecto vencedor para avançar com os projectos finais”, referiu o autarca.

Na apresentação também foi frisado que os painéis de azulejos que compõem o muro que circunda as actuais ruínas da cerâmica das Devesas já estão classificados e vão ser preservados.

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