Lucros trimestrais do BPI caem 87% para 6,3 milhões

Os efeitos económicos da pandemia de covid-19 já se fazem sentir nas contas do BPI, tendo o banco detido pelos espanhóis do CaixaBank registado imparidades para precaver o impacto futuro da crise.

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LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Nos primeiros meses de 2020 o BPI, do grupo espanhol CaixaBank, registou um lucro consolidado de 6,3 milhões de euros, dos quais 4,4 milhões resultam da actividade em Portugal. A divulgação das contas trimestrais acontece a par do anúncio de que haverá mudança na gestão do BPI, com a substituição do espanhol Pablo Forero (64 anos), como presidente-executivo (CEO), por um dos actuais vogais da Comissão Executiva, João Pedro Oliveira e Costa (54 anos), administrador do BPI desde 2007, depois de ter sido director central do banco (tem origem no BCP). 

O banco até aqui chefiado por Pablo Forero arrancou com a primeira ronda de apresentação de contas trimestrais dos bancos a operar em Portugal, apresentando lucros de 6,3 milhões de euros, uma queda de 87% comparativamente com o mesmo período de 2018. Uma redução acentuada que o banco justificou pelo efeito da crise da pandemia de covid-19, que se reflectiu negativamente “nos mercados financeiros e no reforço de imparidades para fazer face a impactos futuros que, em conjunto, tiveram um impacto negativo de 47 milhões de euros no resultado antes de impostos”. A este quadro soma-se outro: “a contabilização no primeiro trimestre de 2020 da totalidade da contribuição bancária (15,5 milhões de euros), quando em 2019 foi calendarizada ao longo do ano (quatro milhões no primeiro trimestre de 2019).”

No entanto, o BPI esclareceu em comunicado, acerca dos barómetros que avaliam a qualidade do crédito e a solidez do balanço, que fechou o exercício passado com “um rácio NPE (definição EBA sobre o crédito problemático) de 2,3% (melhora 0.2 p.p. face a Dezembro de 2019). [Com uma] cobertura de NPE de 125% por imparidades e colaterais”. Por outro lado, os rácios de capital (fully loaded) aumentaram, pelo que o BPI “cumpre os requisitos dos supervisores por margem significativa: CET1 de 13,7%, T1 de 15,2% e capital total de 16,9%.”

No domingo, o BPI anunciara já que estava a apoiar “os clientes com medidas para as famílias e empresas”, tendo acedido favoravelmente a  57,5 mil pedidos de moratórias de créditos totalizando 4,8 mil milhões de euros: crédito habitação (24,8 mil pedidos de créditos de 2,11 mil milhões); crédito pessoal e financiamento automóvel (15,9 mil pedidos de créditos de 249 milhões) crédito a empresas (16,7 mil pedidos de créditos de 2,41 mil milhões de euros).

O banco adiantou ainda que recebeu candidaturas no valor de 1,1 mil milhões de euros às linhas de crédito de apoio público covid-19 e de 2,43 mil milhões de euros na corrida às linhas de crédito BPI disponíveis para utilização imediata.

Quebra de 40% no crédito à habitação

Naquela que foi a sua última apresentação de resultados, Pablo Forero, revelou que o banco registou uma quebra de 40% no crédito à habitação nas primeiras três semanas de Abril, algo que considerou normal face à pandemia de covid-19.

“O que observamos nas primeiras três semanas de Abril, quando comparamos o mês de Março com o de Abril, o que estamos a observar é uma queda de 40% em crédito à habitação, o que é normal”, afirmou Pablo Forero na conferência de imprensa de apresentação de resultados do banco no primeiro trimestre (lucros de 6,3 milhões de euros).

O líder do BPI lembrou que “com o confinamento, os avaliadores não podem ir avaliar as casas e os compradores não podem ir visitar as casas”.

Sobre perspectivas futuras no mercado de crédito à habitação, em face da pandemia, o gestor afirmou que se se falar “de uma maneira séria”, não há uma perspectiva clara, mas disse crer que “se a sociedade recuperar a normalidade, num mês ou dois o mercado do crédito à habitação recupera a normalidade”.

“Outra coisa é o que vai acontecer à procura de crédito à habitação. E acho que isso, como sempre, vai depender de dois factores. Um é o desemprego. Se há mais desemprego, temos de imaginar que vamos ter menor procura. E depois também as expectativas dos preços”, referiu também Pablo Forero.

Relativamente às expectativas de preços, o presidente executivo do BPI disse que, quando sobem, “as pessoas aceleram as suas decisões de investimento”, mas se a expectativa for a dos preços caírem, “naturalmente que a procura de novas habitações tende a cair”. com Lusa

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