Conto em Tempo de Pandemia: Autocertificação

Os novos quotidianos marcados pela desconfiança, incerteza, ansiedade e medo dão corpo a um escrito que já leva cinco tomos.

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O escritor e tradutor literário Paulo Faria iniciou um conto no site do PÚBLICO poucos dias depois de o estado de emergência ter sido decretado, a meio de Março.

O confinamento em casa, o distanciamento social, os novos quotidianos marcados pela desconfiança, pela incerteza, pela ansiedade e pelo medo dão corpo a um escrito que já leva cinco tomos.

Entre os protagonistas, há um casal com uma filha recém-regressada de um programa de Erasmus em Milão – em pânico com a possibilidade de ser contaminado e intransigente com as regras de higiene, o pai decreta novas regras para as movimentações em casa; a mãe, inquieta, sofre com o isolamento profiláctico a que a filha, Sónia, foi votada – e um amigo do casal, Álvaro, que gosta de ouvir contar histórias da Guerra Colonial. O esquema que Álvaro engendra para convencer Carlos a pôr o tio deste, Jorge, a falar sobre a guerra implica uma viagem na bagageira de um carro e outras peripécias. A conversa chega a acontecer numa espécie de anfiteatro à varanda – a reacção dos vizinhos às histórias de Jorge inquieta Álvaro. Toda a gente se riu.

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