Este lavatório movido com os pés ajuda a lavar as mãos (e a travar a covid-19 na Guiné-Bissau)

Um activista guineense criou um engenho para que a população possa lavar as mãos sem tocar nas torneiras, evitando a propagação do novo coronavírus.

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Pisando um pedal, jorra água limpa ou com sabão e o utente pode lavar as mãos sem tocar nas torneiras Juviano Landim

Juviano Landim, um conhecido activista social da Guiné-Bissau, criou um engenho para facilitar à população de Bissau a lavagem de mãos e que é movido com os pés para evitar o contágio pelo novo coronavírus.

O engenho é uma estrutura de metal com a forma de um armário e que tem lá dentro uma conduta de água, formada por pequenos tubos de plástico que canalizam o líquido a partir de um recipiente colocado por cima, em forma de reservatório.

Além do recipiente com água, o engenho tem também um vasilhame com sabão líquido. No meio do engenho, de cerca de três metros de comprimento, há uma bacia, um lava-loiças improvisado por Juviano Landim, de onde sai água por uma torneira e sabão líquido por outra.

Pisando um pedal, na extremidade baixa do engenho, água limpa ou água com sabão jorra de cada torneira e o utente lava as mãos sem ter de tocar nas torneiras.

Líder do projecto e conceito Homem Novo, com o qual Juviano Landim quer, por exemplo, fazer de Bissau a cidade mais limpa da costa ocidental de África, o inventor tem andado por várias localidades do país, sobretudo as do interior, a sensibilizar a população sobre o novo coronavírus.

Por se ter deparado com falta de informação e verificado que a população lava as mãos de diferentes formas, Juviano Landim decidiu criar o engenho de pedais, por notar que “há uma forma errada de usar os dispositivos”.

“Imagina que uma pessoa está infectada com o vírus na mão. Ao abrir a água, a torneira fica automaticamente infectada, acaba de lavar as mãos vai fechar outra vez a torneira e contrai outra vez o vírus”, defendeu Landim, um ex-emigrante guineense em Portugal e na Noruega.

O inventor quer que a população tenha acesso ao seu engenho, que para já só existe no mercado Anti-Coronavírus, em Bissau, mas já tem propostas para fabricar outros para serem colocados em escolas, hospitais e nos serviços públicos.

Juviano Landim diz estar “para já satisfeito” que os utentes do mercado Anti-Coronavírus não estejam a tocar nas torneiras como noutros locais, mas quer que a sensibilização seja reforçada nos mercados porque “é onde está o maior perigo” por ser o local “onde se compra e se vende o que se come”.

O engenho de Juviano Landim, pintado de verde, amarelo e negro, está exposto na porta de entrada do mercado Anti-Coronavírus, no bairro de Ajuda em Bissau, há uma semana.

A Guiné-Bissau tem 257 casos da covid-19, com registo de uma morte, e 19 recuperados da doença. O Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, prolongou, pela segunda vez, o estado de emergência no país até 11 de Maio.

No âmbito do combate à pandemia, as autoridades guineenses encerraram também as fronteiras, serviços não essenciais, incluindo restaurantes, bares e discotecas e locais de culto religioso, proibiram a circulação de transportes urbanos e interurbanos e limitaram a circulação de pessoas ao período entre as 7h e as 14h.

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