Receitas de publicidade do Facebook estão a abrandar, mas o número de utilizadores continua a subir

A empresa vê os videojogos, vídeos em directo e realidade virtual como apostas para o futuro numa altura em que as receitas com publicidade continuam a diminuir. Os produtos Facebook, Instagram e WhatsApp já somam três mil milhões de utilizadores.

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Mark Zuckerberg teme que o impacto económico da covid-19 seja maior que o esperado Stephen Lam

A pandemia da covid-19 obrigou o negócio de publicidade do Facebook a abrandar significativamente entre Janeiro e Março, mas a plataforma ganhou mais 50 milhões de utilizadores. Os valores divulgados esta semana deixaram os investidores satisfeitos, com as acções do Facebook em bolsa a subir 10% nas horas que seguiram a apresentação.

Ao todo, a empresa reportou receitas de 17,7 mil milhões de dólares (cerca de 16,1 mil milhões de euros) no primeiro trimestre de 2020, o que representa um aumento de apenas 18% face ao mesmo período de 2019. É o valor mais baixo de sempre desde que o Facebook fez a sua entrada em bolsa, em 2012. Em 2019, por exemplo, a empresa reportou consistentemente um aumento superior a 25% na receita face ao período homólogo.

Por detrás dos valores, estão quebras recentes na publicidade de sectores como viagens e automóveis. O número de utilizadores, porém, subiu 10%. Actualmente, a empresa tem 2,6 mil milhões de utilizadores activos todos os meses – são mais 50 milhões de pessoas do que os investidores esperavam. O valor sobe para três mil milhões quando se consideram todas as aplicações da família Facebook que incluem o Instagram, WhatsApp e Messenger.

Mark Zuckerberg foi cauteloso na divulgação dos resultados. “Há muita incerteza sobre como é que o mundo vai ser nos próximos meses”, começou por dizer o presidente executivo da plataforma. “O impacto no nosso negócio foi significativo e continuo muito preocupado que esta emergência de saúde pública, e a queda económica resultante, dure mais do que as pessoas antecipam.”

Publicidade a videojogos mantém-se estável

Embora as receitas da publicidade do Facebook, que representam mais de 98% do total de receitas da empresa, tenham aumentado 17% nos primeiros três meses do ano, a empresa nota que o sector foi fortemente afectado nas últimas semanas, particularmente para agências de viagens e serviços de venda de automóveis.

“Depois de um começo forte este trimestre, vimos um impacto significativo no negócio devido à pandemia a partir da segunda semana de Março”, disse a número dois do Facebook, Sheryl Sandberg, durante a apresentação dos resultados.

O sector de publicidade associado aos videojogos, comércio online e outros aparelhos tecnológicos, porém, tem-se mantido relativamente estável.

Já o sector de “outras” fontes de receita do Facebook (que inclui aparelhos criados pela empresa como os óculos de realidade virtual Oculus) aumentou 80% no primeiro trimestre de 2020. No entanto, esta área representa menos de 2% do total da receita da empresa.

Zuckerberg nota que o Quest, o mais recente conjunto de realidade virtual da empresa, lançado em 2019, tem superado as expectativas. “A realidade virtual sempre foi uma visão a longo prazo”, admitiu Zuckerbeg. Outras áreas em que a empresa se está a focar são os videojogos, com a empresa a lançar um novo serviço para jogar em directo (da mesma forma que já acontece em plataformas como a Discord ou a Twitch) em Abril. “O vídeo em directo, e pessoas que se filmam a jogar em directo é uma categoria que está a crescer rapidamente e em que estamos a investir muito”, disse o presidente executivo do Facebook.

As pessoas estão a utilizar mais o Facebook, mas é preciso arranjar novas formas de monetização se a publicidade continuar a cair. “Ao todo temos mais de 2,3 mil milhões de pessoas a utilizar um dos nossos serviços todos os dias”, disse Zuckerberg que diz que manter os serviços “estáveis” e a funcionar bem é uma “prioridade de topo”.

As acções do Facebook em bolsa subiram cerca de 10% nas horas que seguiram a apresentação de resultados.

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