Bolsonaro viola decisão judicial e recusa mostrar resultados dos exames à covid-19

Um tribunal tinha dado 48 horas ao Governo para apresentar os exames do Presidente, mas foi divulgado apenas um relatório médico.

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Bolsonaro tem aparecido em actos públicos sem manter a distância de segurança recomendada pelas autoridades de saúde Reuters/UESLEI MARCELINO

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, continua a recusar apresentar o exames à covid-19 que realizou. O jornal Estado de São Paulo pediu à justiça que se pronunciasse sobre o incumprimento por parte do chefe de Estado de uma ordem judicial.

Intimado por um tribunal a revelar os testes, a Advocacia-Geral da União – um organismo governamental que representa judicialmente o Executivo – enviou apenas um relatório médico que atesta que Bolsonaro não foi infectado, mas não divulgou os exames que suportam essa conclusão.

Segundo o Governo, Bolsonaro foi testado à covid-19 a 12 e 17 de Março, “com o referido exame dando não reagente (negativo)”. A Advocacia-Geral pede o encerramento do processo que intimou o Governo a revelar os exames.

Na segunda-feira, a Justiça Federal de São Paulo tinha dado um prazo de 48 horas para que o Governo fornecesse os “laudos de todos os exames” feitos pelo Presidente à covid-19, respondendo a um pedido feito pelo jornal Estado de São Paulo. A juíza Ana Betto sustentou que “os fundamentos da República não podem ser negligenciados, em especial quanto aos deveres de informação e transparência”.

Esta quinta-feira, Bolsonaro disse sentir-se “violentado” caso os tribunais o obriguem a divulgar o resultado dos exames a que foi submetido.

A situação clínica do Presidente brasileiro tem sido tema de debate desde que a pandemia do coronavírus começou a propagar-se no país. Mais de duas dezenas de membros do Governo e do seu círculo próximo foram infectados, a maioria dos quais pouco tempo depois de uma viagem aos EUA no início de Março, na qual estiveram muito perto do Presidente norte-americano, Donald Trump.

Em diversas ocasiões, Bolsonaro recusou revelar os dois exames que realizou com o argumento do “sigilo médico” e garantindo que ambos tinham dado negativo.

Pouco depois de regressar dos EUA, e numa altura em que já havia casos confirmados no Brasil, Bolsonaro incentivou e participou numa manifestação em seu apoio em Brasília, violando as recomendações da Organização Mundial de Saúde. Apesar de já ter aparecido em público com máscaras, o Presidente continua a cumprimentar interlocutores em actos públicos e ignora qualquer distância de segurança.

Os dados mais recentes da evolução do coronavírus no Brasil apontam para a existência de 81.329 casos confirmados e 5628 mortes, de acordo com as secretarias estaduais de saúde.

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