Alemanha designa Hezbollah como grupo terrorista

Polícia alemã levou a cabo operações em associações religiosas ligadas ao grupo apoiado pelo Irão.

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Polícia alemã numa das operações de quinta-feira num centro com ligações ao Hezbollah em Berlim HANNIBAL HANSCHKE/Reuters

A Alemanha declarou que o grupo xiita libanês Hezbollah é um movimento terrorista, baniu todas as suas actividades no seu território, e a polícia levou a cabo, esta quinta-feira, buscas em instituições religiosas que se acredita terem ligações ao grupo.

A decisão era discutida já há muito tempo no país. O grupo, apoiado pelo Irão, nega o direito de Israel a existir, e enfrentou já militarmente o Estado hebraico, levando-o a uma situação de nem derrota nem vitória na última guerra do Líbano em 2006.

No entanto, a aura que conseguiu nesta altura - de ter sido a única força militar árabe capaz de medir forças com Israel - foi desgastada em muitos países árabes pela participação na guerra na Síria, ao lado do Irão e da Rússia, em apoio de Bashar al-Assad. O Hezbollah ("Partido de Deus") tem ainda uma ala política, que já fez parte do Governo libanês, e agora apoia um executivo de tecnocratas. 

“As actividades do Hezbollah violam a lei criminal e a organização opõem-se ao conceito de entendimentos internacionais”, disse o Ministério do Interior numa declaração. Por isso, é indiferente “se se apresenta como uma estrutura política, social ou militar”.​

Após esta decisão, os símbolos do Hezbollah passam a ser proibidos em manifestações na Alemanha e os seus bens podem ser confiscados. Ao contrário do que aconteceria com uma associação alemã, não é, no entanto, possível dissolvê-la, acrescentou o comunicado do Ministério do Interior.

A Alemanha estima que haja cerca de 1000 pessoas como parte do que responsáveis descrevem como “a ala extremista do Hezbollah”. As buscas foram efectuadas em cidades da Renânia do Norte-Vestfália, em Bremen e em Berlim.

A celebração de datas como o dia de Al-Quds por manifestantes ligados ao movimento xiita em cidades alemãs tem causado polémica pelo uso de palavras de ordem anti-sionistas pelos manifestantes, e por alguns usarem o Holocausto como termo de comparação para políticas levadas a cabo hoje pelo Estado hebraico. A marcha tem por vezes participação de elementos da extrema-direita alemã.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, aproveitou a acção alemã para pedir a todos os países que façam o mesmo.

O grupo é considerado uma organização terrorista pelos EUA, Israel, o Reino Unido e o Canadá, assim como pelo Conselho de Cooperação do Golfo e a Liga Árabe, nota a emissora pan-árabe Al-Jazeera.​

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