Hospital do Litoral Alentejano prepara-se para dar alta ao último doente de covid-19

Directora clínica da unidade na região menos afectada de Portugal continental já fala na pandemia no passado.

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O Hospital do Litoral Alentejano, que serve uma população estimada de 100 mil habitantes de cinco concelhos do Alentejo Litoral, vai dar alta ao último doente com covid-19 que ainda mantém internado, disse nesta quarta-feira ao PÚBLICO a directora clínica daquela unidade.

“Neste momento temos um doente internado, que em breve, dentro de um dia ou dois, terá alta. Está a correr bem, teve uma boa evolução clínica”, afirmou Alda Pinto.

A região foi a menos afectada de Portugal Continental, de forma que o hospital, que serve os concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Odemira, Santiago do Cacém e Sines não chegou a usar toda a sua capacidade de resposta. 

“Tivemos poucos casos, foram 33 positivos, todas as cadeias epidemiológicas estão fechadas. Conseguimos seguir todas as cadeias de transmissão e neste momento a maior parte dos nossos doentes já está curada. Tivemos alguns internados no hospital. E apesar de termos tido 120 doentes suspeitos, até ao momento, efectivamente só tivemos três doentes positivos com necessidade de ficarem internados. Um dos doentes esteve em cuidados intensivos, que já teve alta e encontra-se recuperado”, explica a médica.  

O hospital dispõe de cinco ventiladores e requisitou um sexto, à reserva nacional, que, no entanto, ainda não chegou. “Já foi atribuído e estamos à espera que seja entregue”, acrescenta Alda Pinto.

A directora clínica atribui o reduzido número de casos nesta região à resposta pública que o país deu à pandemia. “As medidas de confinamento que foram implementadas pelo Governo vieram facilitar a nossa capacidade de resposta porque, devido a esse trabalho feito pela saúde pública, temos tido uma verdadeira contenção dos casos positivos nesta região”, considera.

Testes já funcionam

O Hospital do Litoral Alentejano tem capacidade laboratorial para fazer até 84 testes à covid-19 por dia, e nas últimas semanas já está a prestar esse serviço. 

“Tivemos desde o início capacidade laboratorial instalada mas tivemos uma ruptura, a nível nacional, dos reagentes de extracção. Neste momento está resolvida e vamos ver se se mantém o fornecimento desses reagentes para nós mantermos a capacidade instalada”, refere Alda Pinto. 

Segundo a directora, o HLA está agora fazer entre 30 a 40 testes diariamente. “Temos tido entre um terço a metade de ocupação da capacidade instalada”, relata, acrescentando que o laboratório tem trabalhado em colheitas “de toda a região da Unidade de Saúde do Litoral Alentejano, tanto de rastreio, como primários, assim como dos doentes que têm que ficar internados no hospital”.

Sobre os cuidados de saúde não Covid-19, a responsável garante que a actividade corrente não foi suspensa. “O que fizemos foi transformá-la em actividade não presencial. As consultas continuaram a ser realizadas, mas só se deslocam ao hospital os doentes que necessitam mesmo de acompanhamento ou avaliação presencial”, assegura.

Alda Pinto diz ainda que “todos os exames urgentes estão a ser feitos e só a actividade que pode ser diferida é que foi adiada”.

O HLA, localizado em Santiago do Cacém, teve de ajustar espaços e serviços, para o combate à pandemia, pelo que as novas urgências, recentemente construídas, tiveram de ser ocupadas por este esforço. Pelo mesmo motivo, a reabilitação das antigas urgências foi adiada.

Mas o presidente do conselho de administração informa que já está aprovada uma candidatura, de 5,7 milhões de euros, para concluir essas obras e fazer outros investimentos.

“Nas antigas urgências vamos criar a nova área pediátrica e zonas não clínicas, construir o hospital de dia permanente, uma farmácia nova e requalificar o bloco operatório, além de adquirir equipamento diversos”, explicou Luís Matias ao PÚBLICO.

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