Petróleo recupera e mantém-se acima dos 20 dólares

As cotações do petróleo e os mercados bolsistas seguiam em alta nesta quarta-feira.

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Reuters/Nick Oxford

Os futuros do Brent, o crude que serve de referência para as importações europeias, mantinham-se a subir esta manhã em Londres, com uma valorização de cerca de 3%, para 20,98 dólares.

Também os preços do West Texas Intermediate (WTI), recuperavam das perdas do início da semana, a subir 12,6% nesta quarta-feira, para 13,91 dólares, com a constatação de que as reservas norte-americanas podem estar a encher menos rapidamente do que o temido pela maioria dos analistas.

Segundo os dados do American Petroleum Institute, a associação que representa os produtores norte-americanos, os stocks subiram em dez milhões de barris, para 510 milhões de barris, quando se esperava um aumento de pelo menos mais 600 mil barris na semana de 24 de Abril.

Com a capacidade de armazenamento esgotada, o aumento de stocks continuará a ser sempre um efeito de pressão sobre os preços (como se verificou recentemente, quando os valores do WTI registaram valores negativos pela primeira vez na história).

Os dados da semana passada divulgados pelos produtores estão a dar alguma margem de recuperação às cotações, mas os dados oficiais sobre as reservas norte-americanas, do Departamento de Energia dos Estados Unidos, deverão ser conhecidos esta quarta-feira.

Há também a expectativa de que sejam decididos nos próximos dias cortes na produção de petróleo nos Estados Unidos que possam somar-se aos cortes que a OPEP e a Rússia vão introduzir a partir da próxima semana.

Mesmo com o alívio das cotações, o cenário está longe de ser positivo para a indústria petrolífera. Segundo a Reuters, gigantes como a BP, a Total, a Royal Dutch Shell e a ENI podem ser confrontadas com a necessidade de reduzir a actividade de produção também em países fora da OPEP, como o Cazaquistão ou o Azerbaijão.

Na terça-feira, depois de anunciar uma descida de 66% dos lucros trimestrais, o presidente da BP admitiu que é expectável que se veja uma redução nos volumes de produção no segundo trimestre, devido ao acordo alcançado entre a OPEP e os seus aliados.

A quebra dos resultados na actividade de produção petrolífera não poderá ser compensada desta vez com os ganhos na área de refinação e venda de combustíveis, fortemente abalada pelas medidas de quarentena.

Bolsas abrem em alta

Na Europa, as principais praças voltaram a abrir em terreno positivo, com os investidores animados com o anúncio de que um pouco por todo o mundo se vão começar a aliviar as medidas de confinamento que têm mantido as economias paradas.

Perto das 9h20, o índice de referência da bolsa portuguesa subia 1,10%, com a maioria dos títulos a valorizarem-se. A Galp liderava as subidas, com um ganho de 3,86% (10,23 euros), enquanto a EDP era o único título que descia, perdendo 0,73%, para 3,78 euros.

O índice pan-europeu Stoxx 600 estava a subir 0,14%, suportado pelas valorizações das empresas dos sectores energético, financeiro e de telecomunicações.

As acções asiáticas atingiram o valor mais elevado das últimas semanas. O índice Ásia-Pacífico subiu 0,7%, acumulando já uma valorização de 3,3% esta semana.

Já as bolsas norte-americanas fecharam no vermelho. O Dow Jones encerrou a cair 0,3%, o S&P 500 perdeu 0,5% e o Nasdaq 1,4%. Ainda assim, os futuros destes índices apontavam para aberturas positivas nesta quarta-feira, em que está agendada a divulgação das contas de empresas como a Microsoft e o Facebook.

Hoje também está na agenda um anúncio de política monetária da Reserva Federal norte-americana, embora os analistas não tenham grandes expectativas em relação à margem de manobra da instituição, visto que já em Março colocou as taxas de juro a zero e anunciou a injecção de 1,5 biliões (milhões de milhões) de dólares na economia para contrariar os efeitos do novo coronavírus.

Além disso, é esperada a divulgação dos dados da actividade económica dos Estados Unidos no primeiro trimestre, que deverá ter registado a primeira queda em seis anos, ainda que o efeito maior da paralisação económica só deva ser visível nos dados do segundo trimestre.

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