Economia dos EUA “vai precisar de mais apoio”, avisa a Fed

Reserva Federal dos EUA não toma novas medidas, mas diz que está disponível para continuar a usar todos os seus instrumentos

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Reuters/Erin Scott

A Reserva Federal norte-americana não lançou, no final da reunião de dois dias concluída esta quarta-feira, novas medidas de estímulo, mas o presidente da instituição Jerome Powell fez questão de deixar claro que, a qualquer momento, a autoridade monetária pode voltar à acção, assumindo mesmo que a maior economia do planeta “vai precisar de mais apoio”.

Poucas horas depois de se saber que a economia norte-americana registou uma contracção de 4,8% durante o primeiro trimestre deste ano, havia poucas expectativas relativamente ao anúncio de novas medidas por parte da Fed.

Afinal de contas, durante as últimas semanas, a entidade liderada por Jerome Powell já tinha feito quase tudo o que se lhe poderia pedir, incluindo baixar as taxas de juro até zero, anunciar um programa de compra de activos ilimitado e alargar aos estados, cidades e pequenas e médias empresas os apoios directos concedidos.

E, por isso, foi sem surpresa que da reunião do comité de política monetária não saiu qualquer nova medida. Ainda assim, os responsáveis da Fed fizeram questão de deixar claro para toda a gente que, quando for preciso, novas medidas surgirão.

Logo no comunicado oficial emitido após o final da reunião, a Fed reafirmou a sua promessa de “usar todos os seus instrumentos” para garantir que os seus objectivos ao nível do emprego e da estabilidade de preços sejam atingidos. A Fed assinalou que a pandemia do coronavírus não só conduzirá a uma redução do PIB acentuada no curto prazo, como representa uma ameaça significativa para o crescimento no médio prazo.

E é por isso, assinalou Jerome Powell em conferência de imprensa, que a Fed poderá ter de voltar a agir. Embora garantindo que a política monetária é, nas actuais circunstâncias, a adequada, o presidente da Reserva Federal reconheceu que é provável que “a economia venha a precisar de mais apoio de todos, se uma retoma robusta for o objectivo”.

Para já, os números do PIB no primeiro trimestre revelam a dimensão do choque imediato sofrido.

Não foram precisas mais do que duas semanas de confinamento no final de Março para fazer a economia norte-americana registar uma contracção de 4,8% no primeiro trimestre do ano, o pior resultado desde a crise financeira de 2008.

Os principais contributos para a queda do PIB no primeiro trimestre do ano vieram, de acordo com os dados publicados pelo Departamento do Comércio norte-americano, vieram do consumo privado, que caiu 7,6%, a maior descida registada neste indicador desde o final de 1980, e do investimento empresarial.

A contribuir positivamente para a variação do PIB estiveram as importações, que acompanharam a descida do consumo, e o consumo e investimento públicos, à medida que Estados e governo federal começaram a passar à prática medidas de combate à pandemia e de mitigação dos efeitos económicos negativos.

Para além dos números do PIB agora conhecidos, o indicador que de forma mais clara tem vindo a revelar a dimensão do colapso registado na actividade económica é o número de novos pedidos de desemprego. Desde meados de Março, foram feitos 26,5 milhões de novos pedidos.

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