Migrações: Portugal será o próximo país da UE a receber menores da Grécia

O Luxemburgo e a Alemanha já começaram a receber estes menores que se encontram em campos sobrelotados da Grécia, sem a companhia de um adulto que se responsabilize por eles. Não foi dito quantos virão para Portugal ou quando chegam.

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Há muitas crianças em campos de refugiados, como este, em Lesbos, que não têm qualquer adulto responsável por elas Elias Marcou

Portugal será o próximo Estado-membro da União Europeia (UE) a acolher menores não acompanhados oriundos de campos de refugiados das ilhas gregas, depois de Luxemburgo e Alemanha, revelou esta terça-feira a comissária europeia dos Assuntos Internos.

No final de uma reunião em videoconferência de ministros do Interior da UE, a comissária Ylva Johansson indicou que um dos assuntos em agenda foi o processo de recolocação de migrantes que se encontram em campos de acolhimento em território grego, e adiantou que Portugal será o terceiro país voluntário a receber menores não acompanhados.

A comissária não especificou o número de refugiados nem a data da sua chegada a Portugal. “Até agora, já conseguimos recolocar menores não acompanhados no Luxemburgo e na Alemanha, e Portugal, em breve, será o próximo”, indicou.

Apontando que são já uma dezena os Estados-membros que se disponibilizaram a receber “pelo menos 1600 crianças e adolescentes” não acompanhados dos campos de acolhimento nas ilhas gregas, Ylva Johansson considerou que esta “é uma mensagem muito boa e muito forte da solidariedade europeia”.

Face à pressão migratória e à sobrelotação dos vários campos de acolhimento existentes em território grego, o Governo da Grécia pediu aos parceiros europeus que recebessem 1600 dos cerca de 5200 refugiados menores não acompanhados que vivem actualmente naquele país.

Uma dezena de Estados-membros responderam positivamente ao apelo, designadamente Portugal, Bélgica, Bulgária, Croácia, Finlândia, França, Irlanda, Lituânia, Alemanha e Luxemburgo.

A 15 de Abril, o Luxemburgo acolheu os primeiros menores desacompanhados — 12 jovens afegãos e sírios com idades entre 11 e 15 anos —, tendo-se seguido a Alemanha, que, em 18 de Abril, recebeu um grupo de 47 menores não acompanhados, provenientes de campos de refugiados situados em ilhas gregas do Mar Egeu.

Segundo o ministro do Interior alemão, os jovens fizeram testes de despistagem da covid-19 ainda na Grécia e irão permanecer em quarentena em Hannover, durante duas semanas, sendo depois transferidos para outras zonas da Alemanha.

As crianças são, na sua maioria, naturais do Afeganistão, Síria e Eritreia, e estavam refugiadas em campos sobrelotados em ilhas gregas próximas da Turquia, nomeadamente Lesbos, Samos e Chios. Muitas delas vão ser acolhidas na Alemanha por familiares.

“O governo grego tem tentado sensibilizar outros países da União Europeia para a situação das crianças pequenas, que fugiram da guerra e da perseguição, para encontrar novas famílias e começar uma nova vida. Estou feliz que este programa esteja finalmente a ser implementado”, disse na ocasião, em Atenas, o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotsakis.

De acordo com dados publicados esta terça-feira pelo Eurostat, quase 14 mil menores não acompanhados pediram, em 2019, asilo na UE, uma redução de dois mil face ao ano anterior, sendo um em cada três de nacionalidade afegã, segundo dados do Eurostat.

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