Mais de 2500 infectados em lares e meio milhão de equipamentos distribuídos aos bombeiros

Relatório do Governo sobre a aplicação da segunda declaração do estado de emergência reconhece a preocupação com os lares. Até 17 de Abril havia 1777 utentes infectados e mais 993 profissionais na mesma situação.

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PAULO PIMENTA

Durante este segundo período de estado de emergência, entre 3 e 17 de Abril, a situação dos lares de idosos foi uma preocupação constante da Estrutura de Monitorização do Estado de Emergência (EMEE). De acordo com o relatório sobre a aplicação da segunda declaração do estado de emergência, que cita dados da Direcção-Geral da Saúde, “no fim do segundo período do estado de emergência (17 de Abril de 2020), 24,30% dos infectados com SARS-CoV-2 e 86,75% dos óbitos por Covid-19 eram pessoas com idade igual ou superior a 70 anos”.

“Esta revelou-se, aliás, uma das mais recorrentes preocupações manifestadas nas reuniões da EMEE, em grande medida devido ao impacto diferido da disseminação da doença em ambiente de lares de idosos”, lê-se no relatório elaborado pelo Governo e entregue na Assembleia da República. O balanço feito na reunião de 17 de Abril da EMEE dava conta que até àquela data existiam 1777 utentes infectados e 2488 em isolamento. Havia 52 utentes recuperados. Já quanto a profissionais, 993 tinham diagnóstico positivo e 1359 estavam em isolamento. Havia 75 recuperados. Até àquela data tinham sido distribuídos 200 mil equipamentos de protecção individual a 4634 utentes e 2670 colaboradores. Dados mais recentes da Direcção-Geral da Saúde registavam até dia 22 a morte de 327 idosos que viviam em lares.

“Ao longo do período em análise, ocorreram várias situações que exigiram o realojamento dos utentes quer em instalações militares, quer em estabelecimentos residenciais alternativos”, salienta o documento, que destaca ainda a “resolução do problema da escassez de funcionários foi mitigada através do recurso ao voluntariado, a instituições do sector social e aos municípios, bem como à mobilidade de pessoal”.

Durante este período, diz o relatório, o “Governo adoptou uma estratégia de distribuição de EPI [equipamentos de protecção individual] por áreas prioritárias, alargando paulatinamente o seu âmbito”, com melhoria na distribuição pelos profissionais de saúde, forças de segurança e protecção civil. Também nos junto dos bombeiros essa distribuição “foi intensificada”.

Até 17 de Abril, foram distribuídos aos bombeiros “cerca de meio milhão de equipamentos, desagregados entre máscaras cirúrgicas e FFP2, fatos, batas, aventais descartáveis, luvas, óculos e cobre-sapatos, contribuindo, assim, para a mitigação do risco de contágio entre os operacionais”. Até àquela data foram registados 114 bombeiros infectados e 867 em isolamento profiláctico e outras situações. Nessa altura, havia registo de apenas um corpo de bombeiros inoperacional.

No que respeita ao reforço do Serviço Nacional de Saúde, entre os dias 3 e 17 de Abril mais equipamentos de protecção individual chegaram às unidades, assim como ventiladores para reforço da resposta. No início Março existiam no SNS 1142 ventiladores. A 17 de Abril, a contabilidade de aparelhos estava nos 1564, “84% dos quais invasivos”.

Quanto a profissionais contratados ao abrigo do regime excepcional criado para a pandemia – contratos válidos por quatro meses, sem necessidade de autorização das finanças —, “foram, até à data, contratados 1864 profissionais de saúde”. Destes, 76 são médicos, 618 enfermeiros, 896 assistentes operacionais, 124 assistentes técnicos, dez farmacêuticos, 113 técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica e 27 técnicos superiores. Na reunião de 17 de Abril, da EMEE, foi feito um balanço do reforço de profissionais de saúde por regiões: Norte com 941, Centro com 378, Lisboa e Vale do Tejo com 341, Alentejo com 35 e Algarve com 72.

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