Vereadores do PS da Póvoa de Lanhoso acusam o município de fraude com as máscaras

PS denuncia fraude nas máscaras anunciadas a semana passada. Das 32.000 a serem distribuídas, uma parte não estará a cumprir os parâmetros de segurança. O município fala em “erro na embalagem”.

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paulo pimenta

Os vereadores do PS acusaram, nesta terça-feira, o município da Póvoa do Lanhoso de distribuir máscaras pela população que não cumprem os parâmetros de segurança em vigor. Em causa está a falta do clip nasal, “fundamental para o ajustamento deste artigo ao rosto do utilizador”. Nas redes sociais, afirmam ter contactado o Centro Tecnológico das Indústrias do Têxtil e do Vestuário (CITEVE), que terá confirmado a obrigatoriedade do clip nasal e a falta do mesmo nas máscaras distribuídas pela Câmara, existindo assim um uso indevido da certificação ostentada pelo produto. Afirmam também já ter formalizado queixas junto da Direcção-Geral da Saúde (DGS) e da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), e que esta “se trata de uma situação fraudulenta que pode colocar em risco a saúde dos munícipes”.

A Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso anunciou na quinta-feira passada a distribuição de 32.000 máscaras aos seus habitantes. Em comunicado, a medida foi apresentada como tendo a colaboração dos CTT e a intenção de sensibilizar para o uso das mesmas. As máscaras começaram a ser entregues pelas habitações dos munícipes, para que a população esteja “mais protegida” no “regresso parcial” à vida social.

Em resposta às acusações do PS, o município (PSD) emitiu um comunicado referindo que “os tempos que vivemos exigem um enorme cuidado na informação que transmitimos aos cidadãos”. Explica-se que a autarquia tinha 12.000 máscaras em reserva e que, não sendo esta quantidade suficiente, mais 30.000 foram encomendadas. As máscaras iniciais têm como origem ofertas e as novas são “certificadas com o número 4069/2020 CITEVE (Nível 3)”.

No entanto, a embalagem usada foi a mesma. “Existiu um erro involuntário que assumimos com total frontalidade. As 12.000 máscaras em questão foram embaladas nos sacos fornecidos na aquisição das máscaras certificadas. Estão a ser distribuídas 20.000 máscaras com a embalagem correcta e 12.000 com um erro na embalagem (o autocolante).”

O município pede ainda “desculpa aos povoenses”, mas argumenta não existir qualquer tipo de fraude. As 12.000 máscaras sociais iniciais “são máscaras que à data da sua produção seguiram a mesma ficha técnica do tecido agora certificado”.

“O que as distingue das restantes é o facto de umas terem o clip nasal e outras não”, adianta. Refere-se, ainda, que “se os vereadores do Partido Socialista quisessem contribuir como dizem, bastava ter alertado a autarquia e o assunto seria esclarecido e corrigido”. O comunicado termina com um apelo à população: “Estamos em tempo de unir esforços e caminhar todos no mesmo sentido. Os povoenses saberão avaliar a postura de cada um dos agentes políticos”.

Contactado pelo PÚBLICO, o presidente da Câmara, Avelino Silva, recusou-se a prestar declarações, referindo já as ter prestado à Lusa, a quem reitera que se tratou de “um erro na embalagem”, mas refuta qualquer fraude. O PÚBLICO também não conseguiu entrar em contacto com os vereadores do PS.

A Póvoa de Lanhoso regista 44 infectados com covid-19, de acordo com o Relatório de Situação da DGS desta terça-feira. Na segunda-feira, a Câmara Municipal anunciou que o rastreio a utentes e de funcionários de lares e Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS’s) do concelho estaria concluído. Avelino Silva garantiu terem sido testadas à covid-19 mais de 800 pessoas.

Texto editado por Ana Fernandes

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