Porto
Sustentar o vício ou matar a fome quando não há a quem pedir
Ainda há dois meses Cristina não precisava de muito tempo para que o copo que pousava à sua frente numa rua da Baixa do Porto se enchesse com 20 euros. Estava numa zona das mais frequentadas por turistas e, durante uma tarde inteira, por força da boa vontade de quem passava, conseguia angariar, em média, cerca de 100 euros. Sem que alguma vez imaginasse, de um momento para o outro, as ruas onde pede para alimentar o vício da droga ficaram vazias. Para combater a covid-19 o mundo fechou-se em casa.
Mas, para Cristina e para muitos outros que vivem do que a rua lhes dá o combate continua a ser o mesmo – juntar o dinheiro suficiente para aguentar mais um dia. Sem gente a quem pedir ou sem carros para arrumar, quem depende de quem passa para garantir a alimentação ou sustentar um vício vive hoje com a carteira vazia e os bolsos cheios de nada sem saber se vai conseguir comer ou curar a ressaca.