Bruxelas prevê recessão à volta de 7,5% na zona euro

Nas previsões a apresentar em Maio, “os nossos números serão de uma magnitude semelhante à das últimas previsões do FMI, que antecipam uma contração de 7,5% na zona euro”, revelou hoje o comissário da Economia Paolo Gentiloni

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Reuters/Johanna Geron

O comissário europeu da Economia Paolo Gentiloni antecipou esta segunda-feira que as previsões económicas que Bruxelas divulgará em Maio, tendo já em conta o impacto da covid-19, serão “semelhantes” às do FMI, que prevêem uma contracção na zona euro de 7,5%.

“Teremos uma contracção muito acentuada do Produto Interno Bruto (PIB) europeu em 2020, pior do que aquela [verificada] durante a crise financeira global, e os nossos números serão de uma magnitude semelhante à das últimas previsões do FMI, que antecipam uma contracção de 7,5% na zona euro”, revelou o comissário Paolo Gentiloni, durante um debate com a comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu.

Apontando que as previsões económicas da Primavera serão publicadas em 7 de Maio, o comissário italiano disse que a referência que pode ser utilizada neste momento é o ‘Fiscal Monitor’ divulgado em 14 de Abril pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que antecipa uma recessão de 7,5% na zona euro e de 7,1% no conjunto da União Europeia.

“A pandemia mudou as perspectivas da nossa economia de forma dramática. Já eram frágeis antes da crise, devido a riscos negativos, mas agora é claro que uma recessão profunda na Europa é inevitável este ano”, apontou, indicando então que os números estarão em linha com os do FMI.

Intervindo pouco antes, o vice-presidente executivo da Comissão responsável por “Uma Economia ao Serviço das Pessoas”, Valdis Dombrovskis, observara que “ainda há uma considerável incerteza sobre o impacto total da crise”, até porque tal “dependerá tanto da evolução da doença, como da resposta política à covid-19”, mas também apontou para uma queda do PIB europeu “entre os 5% e os 10%”.

Gentiloni observou ainda que a crise, “simétrica e externa”, afecta todos os Estados-membros, mas uns mais do que outros, o que será também tido em conta no plano de recuperação no qual Bruxelas está a trabalhar.

“A crise afecta-nos a todos, mas, de acordo com o quadro que está a emergir das previsões [da Primavera], terá um efeito marcadamente diferente nos nossos Estados-membros. O PIB cairá mais acentuadamente nuns países do que noutros, assim como a amplitude da perda de empregos também varia”, adiantou.

Em 14 de Abril, o FMI estimou que a economia da zona euro conheça uma recessão de 7,5% este ano, como resultado do que já baptizou como “Grande Confinamento”, devido à covid-19.

Na cimeira de chefes de Estado e de Governo da UE celebrada na última quinta-feira, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, advertiu os líderes que, no pior cenário, a recessão pode ser ainda pior, nada menos do que o dobro do valor antecipado pelo FMI, ou seja, 15%, designadamente se a resposta europeia não for apropriada.

Relativamente ao plano de recuperação que o Conselho Europeu encarregou a Comissão de propor no início de Maio, os dois comissários, embora muito pressionados pelos eurodeputados, escusaram-se a revelar detalhes do trabalho em curso, limitando-se a confirmar que o dinheiro do fundo de recuperação será distribuído aos Estados-membros tanto na forma de empréstimos como de subvenções. “Será um ‘mix’ de ambos”, disse Gentiloni.

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