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Covid-19: O que as crianças mais sentem falta no confinamento — em desenhos

São pequenos, mas nem por isso estão a ser menos afectados pelo confinamento. E, mesmo que a maioria exiba rasgados sorrisos, crianças de diferentes latitudes e longitudes confessam-se tristes e preocupadas.

Kuala Lumpur, Malásia. Maryem Abdul Hadi, 11 anos, e Abbaas Abdul Hadi, 7 anos, seguram nos desenhos que fizeram durante o surto da doença covid-19 ao pé de uma janela com os seus irmãos Faathimah Abdul Hadi, 3 anos, Shofiyyah Abdul Hadi, 5 anos, e Muhammad Abdul Hadi, 10 anos. "Desenhei-me a brincar com os meus amigos", disse Maryem. "Tenho saudades de brincar com os meus amigos" REUTERS/Lim Huey Teng
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Kuala Lumpur, Malásia. Maryem Abdul Hadi, 11 anos, e Abbaas Abdul Hadi, 7 anos, seguram nos desenhos que fizeram durante o surto da doença covid-19 ao pé de uma janela com os seus irmãos Faathimah Abdul Hadi, 3 anos, Shofiyyah Abdul Hadi, 5 anos, e Muhammad Abdul Hadi, 10 anos. "Desenhei-me a brincar com os meus amigos", disse Maryem. "Tenho saudades de brincar com os meus amigos" REUTERS/Lim Huey Teng

Uma menina de 9 anos, de Lent, Holanda, desenhou uma “mulher numa posição de ioga” porque acha que as pessoas precisam de relaxar. “Muitas pessoas estão muito stressadas a cuidar dos filhos... Sinto-me triste porque muita gente se sente triste”, desabafou Noalynne. A irmã Annelou, um ano mais velha, completou o seu pensamento: “É tão doloroso que muitas pessoas estejam a lutar pelas suas vidas nos hospitais para sobreviver à doença.”

Os fotógrafos da agência Reuters reuniram um conjunto de imagens sob o mesmo mote: desenhos feitos por crianças em confinamento que revelem o que estão a passar e do que sentem mais falta. E, pela amostra, arrisca-se concluir que os petizes têm as prioridades bem definidas: “Tenho saudades de brincar com os meus amigos”, “dos avós”, “da escola”, “de conhecer pessoas”.

Para além destas, as crianças estão também a retratar os desportos de que têm saudades. Caso de Olatunji, 11 anos, em Lagos, Nigéria, que desenhou uma bola de futebol; de Willem Vorbau, 14 anos, em Berlim, Alemanha, que sente falta de jogar voleibol; ou de Sergio Martinez, 15 anos, em Madrid, Espanha, que desenhou uma “sapatilha porque agora não a posso calçar”. “Tenho saudades de sair, de jogar com os meus amigos, de jogar basquetebol e de treinar com a minha equipa. É do que sinto mais falta neste momento”, relatou o madrileno.

O medo e a solidão estão em evidência no desenho de Sandithi Illeperuma, 14 anos, a residir na capital do Sri Lanka, Colombo. Na sua obra, uma rapariga senta-se sozinha, com uma máscara, enquanto um grupo de mulheres dança. “Antes do encerramento, eu desenhava coisas divertidas e criativas. Mas depois do lockdown... Comecei a desenhar as coisas de que mais sentia falta... Desenho as minhas emoções.”

Mas, em Pequim, na China, Li Congchen, 11 anos, tem a solução num dos seus desenhos que compõem uma história cheia de emoção e com final feliz: “[No futuro], os seres humanos derrotarão e diminuirão os vírus com armas de vacinação.”

Lent, Holanda. "Eu desenhei uma mulher numa posição de ioga porque penso que muitas pessoas estão muito stressadas a cuidar dos filhos... Sinto-me triste porque muita gente se sente triste", contou Noalynne, 9 anos. "Eu desenhei o meu avô e a minha avó porque sinto muito a falta deles. É tão doloroso que muitas pessoas estejam a lutar pelas suas vidas nos hospitais para sobreviver à doença", explicou Annelou, 10 anos
Lent, Holanda. "Eu desenhei uma mulher numa posição de ioga porque penso que muitas pessoas estão muito stressadas a cuidar dos filhos... Sinto-me triste porque muita gente se sente triste", contou Noalynne, 9 anos. "Eu desenhei o meu avô e a minha avó porque sinto muito a falta deles. É tão doloroso que muitas pessoas estejam a lutar pelas suas vidas nos hospitais para sobreviver à doença", explicou Annelou, 10 anos REUTERS/Piroschka van de Wouw
Casablanca, Marrocos. "Desenhei uma bicicleta porque tenho saudades de a andar na rua", desabafou Youssef, 6 anos, que pousou para a fotografia com a irmã mais nova, Myriam, 4 anos
Casablanca, Marrocos. "Desenhei uma bicicleta porque tenho saudades de a andar na rua", desabafou Youssef, 6 anos, que pousou para a fotografia com a irmã mais nova, Myriam, 4 anos REUTERS/Youssef Boudlal
Naklo, Eslovénia. Pika Kranjec, de 7 anos, desenhou uma árvore com muito verde à volta, dizendo que lhe faz falta passear: “Não posso ir a lado nenhum"
Naklo, Eslovénia. Pika Kranjec, de 7 anos, desenhou uma árvore com muito verde à volta, dizendo que lhe faz falta passear: “Não posso ir a lado nenhum" REUTERS/Borut Zivulovic
Budapeste, Hungria. Ivan, 8 anos, deseja “jogar futebol com os amigos", tal como Vince, de 11. Já Vilma tem saudades dos amigos. "Estou bem, só que os professores dão demasiados trabalhos "
Budapeste, Hungria. Ivan, 8 anos, deseja “jogar futebol com os amigos", tal como Vince, de 11. Já Vilma tem saudades dos amigos. "Estou bem, só que os professores dão demasiados trabalhos " REUTERS/Bernadett Szabo
Lagos, Nigéria. Sofiat, 8 anos, diz estar “furiosa” por não poder ir à escola: "O que eu desenhei agora é diferente do que normalmente desenho". Olatunji, 11 anos, desenhou uma bola de futebol porque sente “falta de jogar futebol com os amigos”. Amira, 11 anos, desenhou a professora: “Sinto falta da minha escola”
Lagos, Nigéria. Sofiat, 8 anos, diz estar “furiosa” por não poder ir à escola: "O que eu desenhei agora é diferente do que normalmente desenho". Olatunji, 11 anos, desenhou uma bola de futebol porque sente “falta de jogar futebol com os amigos”. Amira, 11 anos, desenhou a professora: “Sinto falta da minha escola” REUTERS/Temilade Adelaja
Bruxelas, Bélgica. Marie Lou, 4 anos, tem saudades da avó; Paolo, 9 anos, quer ir passear quando terminar o isolamento. "A [quarentena] é um pouco aborrecida porque não sei o que fazer"
Bruxelas, Bélgica. Marie Lou, 4 anos, tem saudades da avó; Paolo, 9 anos, quer ir passear quando terminar o isolamento. "A [quarentena] é um pouco aborrecida porque não sei o que fazer" REUTERS/Johanna Geron
Tel Aviv, Israel. Mila, 4 anos, está chateada com o coronavírus: “Fiz planos com a minha mãe e estragou tudo... Planeámos fazer uma viagem com Jan (irmão) com a minha bicicleta e depois não fomos”
Tel Aviv, Israel. Mila, 4 anos, está chateada com o coronavírus: “Fiz planos com a minha mãe e estragou tudo... Planeámos fazer uma viagem com Jan (irmão) com a minha bicicleta e depois não fomos” REUTERS/Corinna Kern
Samut Prakan, Tailândia. Nipoon Kitkrailard, 10 anos, desenhou o novo coronavírus. "[O isolamento] pode ser aborrecido, mas vai ajudar tremendamente na luta contra a covid-19"
Samut Prakan, Tailândia. Nipoon Kitkrailard, 10 anos, desenhou o novo coronavírus. "[O isolamento] pode ser aborrecido, mas vai ajudar tremendamente na luta contra a covid-19" REUTERS/Athit Perawongmetha
Pequim, China. Li Congchen, 11 anos, construiu uma história que acompanha as várias fases do surto, incluindo o futuro: “Os seres humanos derrotarão e diminuirão os vírus com armas de vacinação"
Pequim, China. Li Congchen, 11 anos, construiu uma história que acompanha as várias fases do surto, incluindo o futuro: “Os seres humanos derrotarão e diminuirão os vírus com armas de vacinação" REUTERS/Tingshu Wang
Munique, Alemanha. Matthew Bekele, 13 anos, Lidya Bekele, 10, e Eviana Bekele, 4. O mais velho queixa-se do tédio; a do meio sente saudades dos amigos e da escola
Munique, Alemanha. Matthew Bekele, 13 anos, Lidya Bekele, 10, e Eviana Bekele, 4. O mais velho queixa-se do tédio; a do meio sente saudades dos amigos e da escola REUTERS/Andreas Gebert
Salónica, Grécia. Vasilis Bekiaris, 10 anos, e Aggeliki Bekiaris, 7 anos. "Quero a Primavera de volta" e "Ficamos em casa" são as frases que se lêem nos desenhos
Salónica, Grécia. Vasilis Bekiaris, 10 anos, e Aggeliki Bekiaris, 7 anos. "Quero a Primavera de volta" e "Ficamos em casa" são as frases que se lêem nos desenhos REUTERS/Murad Sezer
Nova Iorque, EUA. Jane Hassebroek, 13 anos: "Escolhi desenhar o parque do bairro porque é um lugar onde eu e os meus amigos podemos ir uns com os ouros e simplesmente divertirmo-nos”
Nova Iorque, EUA. Jane Hassebroek, 13 anos: "Escolhi desenhar o parque do bairro porque é um lugar onde eu e os meus amigos podemos ir uns com os ouros e simplesmente divertirmo-nos” REUTERS/Caitlin Ochs
Santiago, Chile. Matilda Soto Quilenan, 6 anos, desenhou-se a si própria com a sua melhor amiga Ema, de quem diz sentir muita falta
Santiago, Chile. Matilda Soto Quilenan, 6 anos, desenhou-se a si própria com a sua melhor amiga Ema, de quem diz sentir muita falta REUTERS/Ivan Alvarado
Berlim, Alemanha. Willem Vorbau, 14 anos, sente falta de jogar voleibol. “É do que sinto mais falta neste momento"
Berlim, Alemanha. Willem Vorbau, 14 anos, sente falta de jogar voleibol. “É do que sinto mais falta neste momento" REUTERS/Hannibal Hanschke
Tóquio, Japão. Reku Matsui, 8 anos, fez um desenho de si próprio com os avós, de quem sente falta; Yaya Matsui, 12, desenhou-se com um amigo — “O que eu mais quero fazer agora é sair com os meus amigos"
Tóquio, Japão. Reku Matsui, 8 anos, fez um desenho de si próprio com os avós, de quem sente falta; Yaya Matsui, 12, desenhou-se com um amigo — “O que eu mais quero fazer agora é sair com os meus amigos" REUTERS/Kim Kyung-Hoon
Colombo, Sri Lanka. Sandithi Illeperuma, 14 anos, diz sentir-se sozinha, como a rapariga que surge no seu desenho, sentada, de queixo nos joelhos, com uma máscara, enquanto um grupo de figuras femininas de saias dançam juntas
Colombo, Sri Lanka. Sandithi Illeperuma, 14 anos, diz sentir-se sozinha, como a rapariga que surge no seu desenho, sentada, de queixo nos joelhos, com uma máscara, enquanto um grupo de figuras femininas de saias dançam juntas REUTERS/Dinuka Liyanawatte
Zenica, Bósnia e Herzegovina, "Costumava desenhar números e letras antes do isolamento... e agora vejo muitas séries de televisão 911 e é sobretudo isso que eu desenho", explica Ilhan Ruvic, 5 anos. "Desenhei bombeiros porque são heróis"
Zenica, Bósnia e Herzegovina, "Costumava desenhar números e letras antes do isolamento... e agora vejo muitas séries de televisão 911 e é sobretudo isso que eu desenho", explica Ilhan Ruvic, 5 anos. "Desenhei bombeiros porque são heróis" REUTERS/ Dado Ruvic
Tóquio, Japão. "Tenho saudades de estar com a minha avó e o meu avô", disse Reku, 8 anos, enquanto Yaya, 12, quer estar com os amigos
Tóquio, Japão. "Tenho saudades de estar com a minha avó e o meu avô", disse Reku, 8 anos, enquanto Yaya, 12, quer estar com os amigos REUTERS/Kim Kyung-Hoon
Madrid, Espanha. Sergio Martinez, 15 anos: "Desenhei uma sapatilha porque agora não a posso calçar. Tenho saudades de sair, de jogar com os meus amigos, de jogar basquetebol e de treinar com a minha equipa”
Madrid, Espanha. Sergio Martinez, 15 anos: "Desenhei uma sapatilha porque agora não a posso calçar. Tenho saudades de sair, de jogar com os meus amigos, de jogar basquetebol e de treinar com a minha equipa” REUTERS/Sergio Perez
Sydney, Austrália. Oriana e Rafaela têm 8 anos e são gémeas. Mostram os desenhos, mas confessam ter medo. “Sinto-me muito triste e frustrada por no ano passado termos tido os incêndios e este ano termos o vírus”, desabafou Rafaela
Sydney, Austrália. Oriana e Rafaela têm 8 anos e são gémeas. Mostram os desenhos, mas confessam ter medo. “Sinto-me muito triste e frustrada por no ano passado termos tido os incêndios e este ano termos o vírus”, desabafou Rafaela REUTERS/Loren Elliott
Nova Deli, Índia. Shaurya Pratap Singh, 10 anos. "O que mais sinto falta [da] vida antes do encerramento é de conhecer pessoas”
Nova Deli, Índia. Shaurya Pratap Singh, 10 anos. "O que mais sinto falta [da] vida antes do encerramento é de conhecer pessoas” REUTERS/Anushree Fadnavis
Castiglione della Pescaia, Grosseto, Itália. Arianna Sorresina, 7 anos, desenhou uma recordação do tempo que passou com os seus melhores amigos. “[O confinamento] faz-me sentir mal, muito mal mesmo"
Castiglione della Pescaia, Grosseto, Itália. Arianna Sorresina, 7 anos, desenhou uma recordação do tempo que passou com os seus melhores amigos. “[O confinamento] faz-me sentir mal, muito mal mesmo" REUTERS/Jennifer Lorenzini
Havana, Cuba. Cristofer Lucas Reyes, 7 anos: "Antes, eu desenhava coisas abstractas, mas agora desenho a realidade do que se passa". O seu desenho mostra-o com a mãe dentro de casa, com máscaras, enquanto o pai, que é médico, está a trabalhar
Havana, Cuba. Cristofer Lucas Reyes, 7 anos: "Antes, eu desenhava coisas abstractas, mas agora desenho a realidade do que se passa". O seu desenho mostra-o com a mãe dentro de casa, com máscaras, enquanto o pai, que é médico, está a trabalhar REUTERS/Alexandre Meneghini
Lausanne, Suíça. Eva e Camilla têm saudades da rua, da escola, dos amigos
Lausanne, Suíça. Eva e Camilla têm saudades da rua, da escola, dos amigos REUTERS/Denis Balibouse
Singapura. Nasya Danial Cheng, 8 anos: "O encerramento deixa-me triste pelas pessoas que estão doentes e não conseguem ver as suas famílias"
Singapura. Nasya Danial Cheng, 8 anos: "O encerramento deixa-me triste pelas pessoas que estão doentes e não conseguem ver as suas famílias" REUTERS/Dawn Chua
Bruxelas, Bélgica. Marie Lou, 4 anos, tem saudades da avó; Paolo, 9 anos, quer ir passear quando terminar o isolamento
Bruxelas, Bélgica. Marie Lou, 4 anos, tem saudades da avó; Paolo, 9 anos, quer ir passear quando terminar o isolamento REUTERS/Johanna Geron
Hombourg-Haut, França. Arthur, 9 anos, desenhou um helicóptero depois de ter visto um a sobrevoar a sua casa; Zoe, 6 anos, fez um desenho de uma ilha porque sente falta de férias
Hombourg-Haut, França. Arthur, 9 anos, desenhou um helicóptero depois de ter visto um a sobrevoar a sua casa; Zoe, 6 anos, fez um desenho de uma ilha porque sente falta de férias REUTERS/Christian Hartmann
Nove Jirny, República Checa. Os meios-irmãos Dominik, 9 anos, e Filip Kasuba, 6, fizeram desenhos sobre o que gostavam de estar a fazer
Nove Jirny, República Checa. Os meios-irmãos Dominik, 9 anos, e Filip Kasuba, 6, fizeram desenhos sobre o que gostavam de estar a fazer REUTERS/David W Cerny
Hombourg-Haut, França. Zoe, 6 anos: “Fazem-me falta as férias"
Hombourg-Haut, França. Zoe, 6 anos: “Fazem-me falta as férias" REUTERS/Christian Hartmann