Factos e ficção sobre o coronavírus (agora em 11 ilustrações)

Beber lixívia ou usar luz ultravioleta para matar o novo coronavírus é muito perigoso. Em vez de o destruir, pode causar problemas graves a quem use tais métodos. Porém, esta desinformação é propagada ao mais alto nível, por exemplo por Donald Trump.

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Doença do coronavírus 2019
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Assim que a epidemia da covid-19 começou a alastrar-se pelo mundo, Wei Man Kow fez 17 ilustrações sobre como podíamos proteger-nos do vírus que provoca esta nova doença. Agora voltou ao assunto: desta vez, centrou-se em factos e ficção à volta da covid-19. Tal como aconteceu com as 17 ilustrações em meados de Fevereiro, o novo lote de 11 ilustrações foi traduzido em Portugal.

Tudo começou porque, recorde-se, o sinólogo Gonçalo Santos – do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra e do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA) – conhece Wei Man Kow, que trabalha em Hong Kong e Singapura e se dedica sobretudo à ilustração científica. Estávamos em Fevereiro. O novo coronavírus, que tinha saltado para a espécie humana no final de 2019 na China, estava já a saltar também fronteiras geográficas. A 11 de Março a OMS iria declará-lo como uma pandemia.

Ora Wei Man Kow quis logo juntar-se ao esforço global de combate ao vírus oferecendo ao mundo, para quem as quisesse traduzir em várias línguas, as primeiras 17 ilustrações. Como Gonçalo Santos a conhecia e também sabia que no Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra há investigadores que gostam de fazer bandas desenhadas de cariz científico, contactou-os. Dessa ligação entre Wei Man Kow, Gonçalo Santos e o CNC resultou a tradução e composição da versão portuguesa das primeiras 17 ilustrações sobre o novo coronavírus.

A parceria foi estabelecida outra vez, agora para as 11 ilustrações – que, além dos factos e de ficções, alertam para os perigos da desinformação em relação ao vírus SARS-Cov-2 e à doença que provoca, a covid-19.

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Exemplo ao mais alto nível da desinformação que tem circulado sobre o coronavírus, sem qualquer fundamento científico, encontra-se nas declarações do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e de William Bryan, o responsável pela área da ciência e tecnologia no Departamento de Segurança Interna, proferidas na última quinta-feira durante a conferência de imprensa diária da Casa Branca sobre a pandemia.

Donald Trump sugeriu que o novo coronavírus podia ser tratado com injecções de desinfectante ou com luz ultravioleta. “Vamos supor que aquecemos o corpo com uma luz enorme, seja ultravioleta ou uma luz muito poderosa, e penso que disse [virando-se para William Bryan] que ainda não estava testado, mas que o íamos testar”, afirmou Trump, depreendendo-se que se referia a uma conversa anterior com William Bryan. “E depois eu vejo que desinfectante dá cabo do vírus num minuto. Um minuto. Haverá uma maneira de fazer uma coisa deste género, injecções ou uma limpeza? Acho que será interessante testar isso.”

Também William Bryan, na mesma conferência de imprensa na Casa Branca, veiculou ideias sem fundamento científico sobre o vírus, ao sugerir que o calor, a luz do Sol e a humidade podiam matar o vírus. E que os desinfectantes e a lixívia caseira são muito eficazes a matá-lo, podendo ser bochechados ou inalados para tal. “O aumento da temperatura e da humidade é geralmente menos favorável ao vírus”, disse William Bryan.

Sem dúvida que os desinfectantes e a lixívia destroem o vírus. A questão é destruir o vírus sem nos destruirmos a nós. Que os desinfectantes matam o vírus já sabemos – por isso desinfectamos ou lavamos as mãos. Mas não podemos ingerir tais produtos, porque são perigosos e podem matar-nos. Mesmo o contacto externo de produtos como a lixívia com a pele, os olhos e o sistema respiratório pode ser perigoso.

As novas ilustrações podem assim ajudar a separar o que é informação científica real daquela que não é. No CNC, a tradução e adaptação das ilustrações envolveu novamente a equipa de João Ramalho-Santos, presidente daquele centro de investigação e professor do Departamento de Ciências da Vida, equipa que tem criado várias bandas desenhadas para levar a ciência a um público alargado, por exemplo sobre o sono, a diabetes, a (in)fertilidade humana, a tuberculose ou a doença de Machado-Joseph.

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