Crude recupera preço com ajuda da tensão EUA-Irão

Preços do barril de petróleo continuam a subir e animam bolsas em dia de cimeira europeia e da divulgação dos números do desemprego nos EUA.

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Reuters/Dronebase Dronebase

O preço do barril de Brent, que serve de referência ao mercado português, está a subir mais de 20%, para 25 dólares, nesta quinta-feira de manhã, e a ajudar a animar as bolsas, horas antes da reunião em que os chefes de Estado e de Governo da UE tentarão encontrar um travão à crise de confiança. Nos EUA, o barril ultrapassa agora os 15 dólares, após ganhos de 5,4% do West Texas Intermediate (WTI), que serve de referência no mercado norte-americano. Uma recuperação após a espectacular queda de preços no início da semana, a horas de se saber quais são os dados semanais do desemprego.

A subida de preço do petróleo nos EUA estará relacionada com a mensagem que o presidente dos EUA enviou na quarta-feira à marinha: ataquem todo e qualquer navio iraniano que interfira com os navios norte-americanos. Donald Trump escreveu esta mensagem no Twitter. E a tensão com o Irão teve, como sempre, reflexo no mercado de futuros, onde o barril de WTI chegou a negociar em terreno negativo - a quebra no consumo gerou uma falta de procura e um excesso de oferta de tal magnitude que os produtores chegaram a pagar para se desfazer de barris para entrega em Maio com receios de não terem onde os armazenar.

As bolsas mundiais reagiram de formas distintas: nos EUA, os principais índices fecharam positivos; na Ásia, a tónica do dia foi de ganhos inexpressivos; e na Europa, as bolsas arrancaram no verde, mas já perderam os ganhos depois de terem sido divulgados dados sobre a quebra da actividade económica na Alemanha e o colapso da actividade empresarial em França.

Nos EUA, esta quinta-feira serão divulgados os números semanais do desemprego. Desde 14 de Março, o país registou 22 milhões de novos pedidos de apoio a desempregados, desde que Donald Trump declarou emergência nacional por causa da pandemia de covid-19.

Todos estes cenários contribuem para a ideia de que o consumo vai continuar a cair, colocando mais pressão sobre os preços do crude no produtor. Os líderes da UE dizem estar a enfrentar “o momento da verdade”, como disse o Presidente francês Emmanuel Macron. A dúvida está em como financiar os gastos com a saúde e o apoio à economia e recuperar sectores de serviços e de produção que tiveram de travar abruptamente.

Na China, diz a agência Lusa, acumula-se reservas de petróleo, aproveitando a queda nos preços do crude. As importações do maior consumidor mundial de energia aumentaram 4,5%, em Março, em termos homólogos.

Os preços dos combustíveis no consumidor deverão continuar a baixar em Portugal, onde a descida só é travada pelo peso dos impostos na formação do preço por litro.

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