O cultural no mundo que há-de vir

Um dos aspectos positivos desta vivência da pandemia foi entender como a autonomia de organizações face às iniciativas governamentais, por momentos libertas dos condicionalismos administrativos, produziu outras experiências criativas, imaginativas, eficazes, mostrando como há outras camadas de participação e de colaboração mais produtivas.

Ninguém sabe como será o mundo pós-pandemia. O optimismo de uns e o pessimismo de outros condicionam as projecções sobre o mundo que vem aí, mas há que considerar que os interessados em que o actual regime capitalista permaneça sem alternativa, insistindo numa economia baseada no extractivismo e no consumo imparável, não queiram acabar. E esta tensão já se começa a sentir na irrealidade do presente quotidiano, para o qual a ficção científica não é mais do que um advento do que há-de vir e o menos ajuizado é não cuidar que a pandemia faz parte de um desregulamento patológico do nosso modo de vida, para o qual muitos há bem pouco tempo vêm avisando, como Paul Virilio e Eduardo Viveiros de Castro, entre muitos outros. E em vez de construções fantasiosas e de construção de modelos que são de um mundo antigo pré-pandémico e não daquele que há-de vir, experimentemos fazer perguntas.

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