Catarina Martins: “Mário Centeno tem sustentado as posições alemãs”

A líder do Bloco de Esquerda diz que a posição de Mário Centeno no Eurogrupo fragiliza a posição portuguesa numa resposta à crise económica e social provocada pela covid-19.

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

A líder do Bloco de Esquerda considera que o ministro das Finanças, na condição de presidente do Eurogrupo, tem “sustentado a posição alemã” naquela que deve ser a resposta da União Europeia à crise económica e social provocada pelo coronavírus, o que “fragiliza a posição de Portugal”. No vídeo da sua rubrica diária, Catarina Martins aponta incertezas ao executivo de António Costa e diz que há uma duplicidade entre a posição de Portugal no Conselho Europeu e a de Mário Centeno no Eurogrupo. “Ainda não sabemos o que fará o Governo português: António Costa tem dito que não quer mais austeridade e quer uma resposta solidária, mas Mário Centeno, enquanto presidente do Eurogrupo, tem sustentado as posições alemãs”.

"Esta duplicidade fragiliza Portugal e fragiliza a possibilidade de uma resposta europeia”, considera Catarina Martins. 

A coordenadora do BE elogia a proposta apresentada pelo Governo espanhol como um dos caminhos que a Europa deverá escolher para esta resposta à crise. Esta segunda-feira, o primeiro-ministro espanhol propôs a criação fundo de recuperação da economia europeia no valor de 1,5 biliões de euros, a ser financiado por dívida perpétua e que seria distribuído por transferências directas para os países mais afectados pela pandemia.

Na terça-feira passada, o BE apresentou uma proposta semelhante ao Governo português, que partia de um montante inicial de 750 mil milhões de euros a serem distribuídos pelos Estados-membros. “Uma medida que pode ser implementada de forma imediata e não exige alteração de nenhum tratado; permitiria financiar os países com juro próximo de zero e que não aumenta os problemas de dívida, com feito com maturidades a 80 anos”, resumiu Catarina Martins.

Entre os restantes cenários que o Bloco vê em cima da mesa, o adiamento de uma decisão, o que para a líder bloquista, nesta fase de pandemia e crise, só tem um significado: “é decidir que não há nenhuma resposta europeia para a crise”. “Se não há resposta europeia, em pouco tempo teremos ditaduras na Polónia, na Hungria e fascistas no Governo italiano ou espanhol”, antecipa Catarina Martins.

Já uma resposta semelhante à implementada aquando a crise de 2008, “como propõe o Governo alemão”, significará um endividamento dos países que “os forçarão a medidas de austeridade com o pretexto da consolidação orçamental”.

“O BE tem pouca expectativa sobre o que fará a União Europeia. Mas até os mais europeístas se vão perguntar para que serve uma União Europeia se não serve sequer para responder a esta crise”, conclui. O próximo encontro dos chefes de Estado e Governo da União Europeia está agendado para quinta-feira.

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