25 Abril: Eanes vai estar presente na sessão solene mas discorda da “modalidade utilizada”

Ramalho Eanes recebeu o convite no domingo à noite, vai aceitá-lo, mas ainda não sabe se irá tomar medidas de protecção face à covid-19.

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General Ramalho Eanes LUSA/João Relvas

O antigo Presidente da República Ramalho Eanes vai estar presente na sessão solene de comemoração do 25 de Abril, na Assembleia da República, por uma questão de “responsabilidade institucional”, apesar de discordar da “modalidade utilizada”.

Em declarações à agência Lusa, a chefe de gabinete do antigo chefe de Estado afirmou que “o senhor general Ramalho Eanes estará presente na cerimónia por uma questão de responsabilidade institucional”.

De acordo com a mesma fonte, o antigo Presidente da República concorda com esta comemoração mas “discorda da modalidade utilizada” pelo Parlamento, mas ainda não sabe se irá tomar medidas de protecção face à covid-19. O convite chegou às suas mãos no domingo, cerca das 20h, disse.

Devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19, a Assembleia da República decidiu na quarta-feira realizar a sessão solene do 25 de Abril no Parlamento com um terço dos deputados (77 dos 230 parlamentares) e menos convidados, com o gabinete de Ferro Rodrigues a estimar que estejam presentes cerca de 130 pessoas, contra as 700 do ano passado.

A decisão da conferência de líderes teve o apoio da maioria dos partidos: PS, PSD, BE, PCP e Verdes. O PAN defendeu o recurso à videoconferência, a Iniciativa Liberal apenas um deputado por partido, enquanto o CDS-PP - que propôs uma mensagem do Presidente da República ao país - e o Chega foram contra.

Nos últimos dias tem-se intensificado a polémica à volta do tema, com duas petições “online” em sentido contrário: uma que pede o cancelamento da sessão solene no Parlamento e outra que defende a celebração pela Assembleia da República, encabeçada por históricas figuras de esquerda como Manuel Alegre, Fernando Rosas e Domingos Abrantes.

No sábado, o líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, anunciou que não iria à sessão solene do 25 de Abril, por considerá-la “um péssimo exemplo para os portugueses”, e o deputado único do Chega, André Ventura, escreveu ao presidente do parlamento, pedindo a Ferro Rodrigues que cancele a sessão, dizendo que esta “está a gerar um enorme sentimento de revolta e indignação no povo português”.

Em declarações ao PÚBLICO no sábado, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, assegurou que, “mais do que em qualquer outro momento, o 25 de Abril tem de ser e vai ser celebrado na AR”.

“Celebrar o 25 de Abril é dizer que não sairá desta crise qualquer alternativa antidemocrática”, afirmou a segunda figura do Estado.

Esta segunda-feira, os serviços da Assembleia da República e representantes da Direcção-Geral de Saúde vão ter uma "reunião de trabalho” sobre a sessão solene.

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