Empresas têxteis de Penafiel saem do layoff para produzir máscaras para o município

Duas pequenas empresas têxteis que estavam em layoff reinventaram a sua produção para responder a uma encomenda de máscaras da Câmara de Penafiel. As máscaras serão distribuídas pela população e a Câmara pretende contratar mais empresas brevemente.

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LUSA/PAULO CUNHA

A Câmara Municipal de Penafiel vai entregar kits de três máscaras reutilizáveis em tecido a todos os agregados familiares do município. No total, serão cerca de 75 mil máscaras distribuídas por 25 mil residências, mediante o pedido dos munícipes. Um investimento de 80 mil euros, valor que para o presidente Antonino de Sousa é completamente justificado. “Esta iniciativa é das mais importantes que podemos lançar, porque por um lado vamos proteger os nossos concidadãos e por outro estamos a ajudar a economia local e, em alguns casos, a recuperar empresas que estavam já encerradas”, afirma.

Apesar de reconhecer que o uso de máscara foi “um tópico controverso durante as últimas semanas”, o autarca acredita que a Direcção-Geral de Saúde e a Organização Mundial de Saúde já estão em sintonia e que será um instrumento muito necessário, principalmente depois de o confinamento terminar. Servirá como “uma máscara barreira, para complemento das medidas de protecção e das regras de distanciamento social.”

Para já, estão duas fábricas do concelho em produção mas em breve se irão juntar outras já sinalizadas. Em Penafiel existem muitas empresas do sector têxtil que estão a sofrer com a quebra das encomendas, mas Antonino de Sousa acredita que as fábricas de maior dimensão vão conseguir superar esta situação, mesmo que tenham de recorrer a apoios do Estado.

No entanto, existem muitas médias e pequenas empresas, com pouco mais de dez ou vinte trabalhadores, que “em grande parte trabalhavam apenas para um cliente, na maior parte dos casos para a Inditex, e que neste momento deixaram de ter encomendas e produção e não têm alternativa”, explica o presidente.

Nesse sentido, foram escolhidas pequenas empresas que estivessem em layoff ou numa situação económica muito complicada. Uma das duas empresas já em produção é a de Jaime Ribeiro, que se encontrava em layoff com apenas sete funcionários. Agora, já pondera contratar mais, de preferência subcontratando funcionários de outras empresas em layoff.

O processo de transição da produção não foi complicado. Os funcionários tiveram um período de adaptação de dois dias, que fizeram em regime de voluntariado. Após ajustar as máquinas ao novo tipo de material, um tecido impermeável, estava tudo pronto. “A câmara fez o pedido e deu-nos tempo para nos organizarmos e adaptarmos. Depois disso já recebemos mais pedidos de outras pessoas”, explica o empresário. Nos planos já estão mais produtos em que pode apostar dentro deste nicho, desde fatos de protecção para hospitais a bolsas de kits e máscaras personalizadas para crianças.

De momento, produz cerca de mil máscaras reutilizáveis por dia, mas pretende chegar às 3 mil depois de contratar mais dois funcionários na próxima semana.

A proposta da Câmara possibilitou reanimar e reinventar o negócio, deixando Jaime Ribeiro muito satisfeito por poder manter os empregos de quem trabalha com ele desde que abriu a empresa há 30 anos. “Os funcionários também estão muito felizes ao ponto de quererem trabalhar ao sábado ou então horas extras se for necessário. São muito versáteis e competentes, tudo o que um empresário pequenino pretende ter”, sublinha.

O presidente da autarquia acredita que, após terminar a encomenda, as empresas poderão continuar e ficar na linha da frente da produção destes materiais. “O apoio da câmara é importante porque lhes dá o conforto de acreditar que são capazes. É uma oportunidade para afinar melhor a técnica de produção sem a pressão de uma encomenda comercial”, conclui Antonino de Sousa.

Texto editado por Ana Fernandes

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