Morreu Christophe, le beau bizarre da canção francesa

Cantor francês morre aos 74 anos, com um enfisema pulmonar. Conquistou a França e o mundo em 1965, com o hit Aline. Da parceria com Jean-Michel Jarre nasceram grandes êxitos como Les mots bleus e Les paradis perdus.

Foto
HUGO MARIE/EPA

O músico francês Christophe, intérprete do êxito Aline em 1965, morreu esta quinta-feira, aos 74 anos, devido a uma doença pulmonar. O cantor fora hospitalizado a 26 de Março em Paris, com insuficiência respiratória. Foi depois transferido para um hospital em Brest, no norte do país.

“Christophe partiu. Apesar da dedicação extrema das equipas médicas, as suas forças abandonaram-no”, escreveram a mulher Véronique Bevilacqua e a filha Lucie, num comunicado enviado esta sexta-feira à agência de notícias France-Presse (AFP). No final de Março, o jornal Le Parisien referia ter informações de que o cantor tinha tido um teste positivo para a covid-19, informação que não foi confirmada pelo seu agente, mas a viúva informou a AFP apenas que a morte foi “consequência de um enfisema pulmonar”.

Pierre Lescure, presidente do Festival de Cannes que conhecia o cantor desde 1965, escreveu no Twitter que Christophe morreu ao início da noite, ao lado da filha Lucie. “Todas e todos guardamos as suas palavras e refrães, a sua voz única.”

Autor, compositor e intérprete, Christophe, cujo nome de baptismo era Daniel Bevilacqua, nasceu a 13 de Outubro de 1945, em Juvisy-sur-Orge. Conquistou inúmeros corações em França, em 1965, com a canção Aline, êxito romântico que galgou fronteiras, dentro e fora da Europa. Ainda não tinha, na altura, o excêntrico moustache e os cabelos compridos que se tornaram as suas imagens de marca, mas a voz doce e inconfundível chegou a todo o mundo. 

“Autor de hits nos anos 60, experimentador audaz nos anos 70, artista de culto, Christophe conheceu diversas carreiras,” escreve-se na revista Paris Match sobre a sua carreira de mais de 50 anos. “A sua carreira de ‘belo extravagante’ ['beau bizarre'] decadentista e obsessivo engloba hits cintilantes e canções sombrias que o elevam, entre Gainsbourg e Bashung, ao topo do panteão pop francês”, escreve o crítico Christophe Conte no site do jornal Liberation.

Da parceria com o músico Jean-Michel Jarre, pioneiro da música electrónica que trabalhou com Christophe como letrista e produtor, nasceram grandes êxitos como Les paradis perdus (1973) e Les mots bleus (1974), canções emblemáticas que deram título a álbuns essenciais da discografia do cantor.

Em declarações à AFP, Jarre reagiu com “grande tristeza” à morte de Christophe. “Perdi um membro da minha tribo”, afirmou. “Foi um dos maiores cantores franceses. Foi mais do que um cantor, foi um costureiro da canção. Foi uma personagem única. Ele tinha uma fantasia que já não se encontra hoje. E não podemos dizer-lhe adeus por causa desta merda do vírus.” 

Sugerir correcção