Reabrir creches, trabalhar à vez, evitar horas de ponta nos transportes públicos. Costa já começou a revelar o esboço do que será o regresso à rua

Massificar máscaras e gel nos próximos 15 dias para ir libertando as pessoas do confinamento em Maio. O Governo já tem um esboço de como quer “reanimar a economia, sem deixar descontrolar a pandemia”.

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Ainda não é um plano, mas já é um esboço. O primeiro-ministro revelou esta tarde no Parlamento como o Governo quer pôr de novo a economia a mexer. Será só em Maio. Até lá, há 15 dias decisivos para devolver confiança às pessoas para que possam sair à rua.

O objectivo é “reanimar a economia, sem deixar descontrolar a pandemia”, explicou o chefe do executivo num debate em que desafiou os portugueses a fazerem férias cá dentro e deixou o desejo de que este tenha sido o “último” debate para renovar o estado de emergência. Aqui fica a estratégia do executivo construída com base nas informações deixadas por António Costa.

O que tem de estar garantido nos próximos 15 dias: 

  • Tornar abundante, no mercado, meios de protecção individual como máscaras comunitárias e gel alcoolizado;
     
  • Ter normas de higienização nos locais de trabalho, nos espaços públicos e, em particular, nos transportes públicos. Esta é a “maior dificuldade logística” a que o Governo tem de dar resposta, diz Costa;
     
  • No caso particular dos transportes públicos, o executivo quer encontrar formas de ter “horários desencontrados, ter uma nova organização do trabalho que não crie ondas de ponta muito fortes”, mas também “aumentar do lado da oferta” para que haja capacidade para que “todos possam voltar a circular em segurança nos transportes públicos”;
     
  • Ter a confiança que a robustez do Serviço Nacional de Saúde (SNS) consegue manter-se perante, “necessariamente, um aumento do risco de transmissão sempre que aliviamos a contenção”.

O que o Governo quer começar a fazer em Maio:

  • Aulas presenciais ainda que parciais nos 11.º e 12.º anos;
     
  • Reabrir as creches para apoiar as famílias, muitas com perdas de rendimento ou com esforço acrescido quando estão em regime de teletrabalho. A ideia de reabrir também as creches não é nova e já tinha sido considerada na reunião com os técnicos de saúde onde foi posta em cima da mesa a data de 4 de Maio como limite para retomar aulas presenciais. Isto porque o vírus atinge pouco crianças mais pequenas. Um estudo da Escola Superior de Saúde Pública, apresentado esta quarta-feira na reunião no Infarmed, revelava que outros países começaram pela reabertura das escolas com crianças mais pequenas devido ao “baixo risco de transmitirem a muitas pessoas: as crianças dessa idade voltam da escola para casa e têm pouca vida social independente dos pais; alto impacto económico: os pais podem voltar a trabalhar”;
     
  • Abertura do pré-escolar, pelo menos no período praia/campo, para que as crianças possam voltar a conviver;
     
  • Restabelecer o serviço de atendimento presencial nos serviços da Administração Pública e pôr termo à suspensão de prazos procedimentais e prazos processuais;
     
  • Ir reabrindo as actividades económicas onde o Governo decretou o fecho. Começar pelo pequeno comércio de bairro - “aquele que junta menos gente, exige menos distância de deslocação, que melhor serve a economia local”, explicou Costa -, para passar depois para as “pequenas lojas de porta aberta para a rua” e só depois chegar às grandes superfícies;
     
  • Definir normas específicas de segurança para profissionais e utentes de actividades de cuidados pessoais, como cabeleireiros e barbeiros. O objectivo é criar condições para ter estes serviços abertos;
     
  • Começar a abertura dos equipamentos culturais por aqueles que têm lotação fixa e lugares marcados, para permitir a reabertura com o afastamento necessário, “ainda que se possa exigir, tal como nos transportes públicos e escolas, o uso de máscara comunitária”; 
     
  • Olhar para os recintos desportivos, espectáculos ao ar livre, criando normas de distanciamento, à imagem do que vai ser feito pelas centrais sindicais nas comemorações do 1.º de Maio e que a Igreja pretende garantir nas cerimónias;
     
  • Prosseguir o teletrabalho para quem o possa fazer. Estas pessoas terão maior liberdade de circulação para levar os filhos às creches, utilizar o comércio que for reabrindo, os transportes públicos e os equipamentos culturais, mesmo que tenham de usar máscara. O primeiro-ministro considerou o teletrabalho essencial até para permitir que a “operação dos transportes públicos possa correr o melhor possível”;
     
  • O Governo quer ainda trabalhar com as empresas para encontrar melhores formas de organização do tempo de trabalho: “trabalhando uns de manhã e outros à tarde, trabalhando uns uma semana e outros outra semana”. O objectivo é ir libertando as pessoas do confinamento doméstico.
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